sábado, 22 de junho de 2013

#Partiu, da manifestação e Dilma na Televisão

Manifestação, maninfestação de gente, manifesta, minifesta! Aqui uma hipótese de investigação que recusa a pressa e evita qualquer explicação precipitada do que vem ocorrendo no país. Hipótese, mera hipótese. Com essas breves linhas desejo - com a permissão de Sampaio - botar o meu bloco na rua. Os brasileiros foram as ruas, uma parte deles, como nunca antes na história desse país, ótimo. Que parte e qual a mensagem? Tic-Tac, Tico-Teco: leiam-se as cartolinas, melhor caminho para entender o que prega o movimento. Viva o engajamento  de cartolina. O movimento não é Bragaboys mas também é BOMBA e cartolinas brancas, rosas e etc.
Com ou sem bomba, o movimento revela um  Brasil plural,  um milhão de pessoas, um milhão de pautas, claras, muitas distintas, completamente. A diversidade das pautas impede qualquer unidade e consequentemente clareza do que querem os manifestantes - com exceção do passe livre de SP. O comentário não é exagerado visto que no coração da manifestação temos neonazistas, católicos, evangélicos, gays, negros, pobres e burgueses... os mais diversos grupos e seus respectivos valores e bandeiras muitas vezes antagônicos. Sendo assim, é natural que em meio aos gritos e marchas pelas garantias dos direitos, alguns desses terminem conflitando. A unidade revela certa multiplicidade da democracia e suas desejáveis contradições. Democracia é luta, é conflito, é atrito, é antagonismo de ideias,faz parte do jogo, é legitimo, é um direito e um dever. Poupemos os músculos, acreditem, não são necessários. 
Necessário mesmo é manifestar-se, levar sua cartolina e postar no Facebook. Manifestação 2013, eu fui. Na de 2014 uou uou uou, eu vou!. Quantos curtiram isso? Quantos comentários? A cartolina no face torna-se uma cartolinda, Xd. Qual a mensagem? O que fica além desse Sentimento Estético de Revolucionário? Fui, fotografei, postei, participei, fiz parte da história dei minha contribuição, mandei meu RECADO NO REAL. Getúlio Vargas deve estar orgulhoso "Saímos do face para entrar para história". Os revolucionários mais otimistas dirão " é algo incipiente, é o começo de um novo tempo". Eu, enquanto reacionário confesso, acredito que precisamos de algo mais. Precisamos dos partidos. Nesse sentido, o pronunciamento da Presidenta Dilma (presidenta para democratizar o Português)  tem algo a nos ensinar sobre democracia.
O pronunciamento foi sensato e o recado direto: Não há democracia sem partidos. Antes de qualificar o pronunciamento da presidenta com adjetivos morais típicos da direita raivosa ou enquanto algo superficial vide a ignorância de um ou outro telespectador apressado, devemos nos perguntar: hsfdjfvmcdtçl gdyeçlsvdy bjdyrkdzgflzgfdl jhdsfykhfgf. Não quero sugerir questões. Informatizados e secularizados, logados e sintonizados, não é necessário que os outros pensem por tu. Ninguém nessa Folha, ninguém nesse O Globo terrestre, ninguém nesse Estadão de meu deus, ninguém nesse Jornal Nacional pode pensar por você - F5 no iluminismo, sapere aude. A opinião pública é diferente da opinião publicada, vale o alerta. 
Não há democracia sem partidos, sem leis e sem ordem. Não há democracia sem regras assim como não há democracia sem espaço para o debate e discussão. O movimento que grita por fora dos canais dos partidos, de uma pauta específica, dos movimentos sociais organizados, fora do legislativo, sem representantes, corre o risco de desmanchar-se no tempo na media em que o som do seu grito se propaga e arrefece, como ocorreu nesse Felici/ano. Depois de gritos e mobilizações em todo país, Feliciano - o fundamentalista - continua presidente da comissão dos direitos humanos. Após a tempestade vem a calmaria e nada mudou. Com essa breve consideração, defendo que o pronunciamento da presidenta, foi didático, uma aula de democracia. 
A clareza com que expôs as ideias e os caminhos para conduzir o debate, nos impede - a não ser por ignorância - de julgar seu pronunciamento enquanto superficial. A mensagem veiculada propôs trazer toda insatisfação popular manifestada nas ruas para dentro das regras da democracia com um repudio claro as manifestações de violência. As vozes precisam ser canalizadas. Existem canais além das ruas onde devem ser expressas, ecoadas, defendidas. Não há democracia sem partidos. Elejam seus representantes e líderes  e venham para o debate, a mensagem da presidenta foi radical, democrática na raíz.
Aos manifestantes com a cara da "nova classe média" fica o recado: não se deve repetir os erros da classe média anterior. Não dá para comprar o carro, o tablet, o apartamento sem refletir sobre que país querem. Não é possível revindicar desvinculado dos movimentos sociais e dos partidos políticos. Sair do face e ir para rua não basta. Transporte público de qualidade, educação de qualidade, saúde de qualidade. Essas são bandeiras que podem e devem ser defendidas. O que fariam com o dinheiro se não tivessem que pagar planos de saúde? O que fariam com o dinheiro se não tivessem que pagar altas mensalidades na universidade privada? Somam-se a isso, o que a outra metade da população, aquela que não foi a rua, pode fazer se gritar sobre a fome, a falta de saneamento, de segurança, de educação e habitação? As preocupações são legitimas, podem e devem ser mais gulosas a fim de consolidar novas conquistas e avanços com a cara desse novo Brasil, que não se enganem, vem de baixo. O Brasil com classe, médiaé verdade. O mais é possível, Dilma deu o recado.
Enfim, partiu do movimento e do pronunciamento essas considerações. Algo imaturo, incipiente, reacionário anti-revolucionário. Uma consideração careta de quem de casa acompanha a revolução nesse novo e velho Brasil. Essa manifestação sem fotos ou cartolinas, porque hoje com toda sinceridade eu quero é ver gol. Brasil sil sil.

Kayk Oliveira Careta.