domingo, 14 de fevereiro de 2010

CARVÃONAU






Preto, cor, deiro.
Preto cordeiro
Preto cordeirinho
Modelo de mansidão
No carnal carnaval escravidão.

Preto, força
A corda, a forca.
A tua salvação.

Força preto
A corda na carne.
Corda força no osso.
Laço, corda folia no pescoço.

Sua corda, SUA preto.
ACORDA, a corda no corpo.
A corda na mão.
Acorda com fome.
Teu filho come.
Pelo sangue que corre.
Pela corda que escorre.
Da resistência das tuas mãos.

Dança, pula, ginga, grita.
Puxa o povo na corda.
A corda que te amarra.
Na folia da algazarra.
Tua pobreza te adormece.
Acorda, a corda, a tua corda te cala.

Foge da vala, preto.
ACORDA, a corda segura.
Te salva, dói, não nêgo, não nego.
Pega a corda, acorda, te toca.
Amarra o povo, se liberta.
Para o trio da nó cego.


Dá nó cego, enxerga o que te prega.
O cego vai sozinho.
Se o enxergas não puxas.
Sai da festa deixa o trio.

LÁ-TINHA




“Para uma idéia idiota, no entanto importante virar poesia é necessário somente o registro” Ual... Escrevi isso quando era vivo. Eu 2010.



Catador cata a dor do chão que é o lixo.

Onde o catador cata latinha, lá tinha latinha.

A dor do catador é catar com dor a dor da cidade.



A dor se TRANS-FERE e fere a fera.

O lixo catado pelo catador, é remédio que a dor causou.

Me lixo ao lixo, da sobra que não consegui contar;

Nem o catador catar... Faça a pergunta, quem irá reciclar?



A minha dor em observar

é a dor do catar, a dor de quem observou,

e dor do catador.



Ele cata eu jogo a lata.

Se ele faz a parte suja, limpando a latinha.

Na dor das partes qual é a minha?

Tenho respostas e dor

Vergonha do porco

Orgulho de catador.