terça-feira, 26 de agosto de 2008

A olhechina 2008 e outras reflexões


Estou no sofá de casa, sentadinho, todo torto, seguro uma caneta de cor azul patrocinada pela Phillips e ouço o pagode do vizinho (pancadinha, ela gosta de tomar???? Uma pancadinha...), é nessa atmosfera que me ponho a refletir sobre as olimpíadas.
As olimpíadas, essa coisa, essa coisa que reúne diferentes esportes, nacionalidades e faces, quer dizer exceto as faces chinesas, japonesas e tal... Reúne as diferenças, as igualdades, a complexidade, as vontades, as mentiras e suas merdades, reúne-se tudo isso em um único solo, e o solo atual é o solo chinês é o solo do Maotador Tse Tung e suas revoluções.
Realizar a olimpíada requer toda uma alteração ou camuflagem estética da nação, e a China fez a sua parte, a China realizou uma verdadeira fa-china em sua estrutura de funcionamento e de realidade, na tentativa de tornar esses jogos os jogos “perfeitos”.
Para que se realizassem tais jogos, a china conservou um pouco da idade media e acabou por copiar os europeus, na sua fa-china urbana, ela retirou das cidades que recebem os jogos todos os indigentes, mendigos, sem teto e por isso tudo ela merece a medalha de ouro da sociolimpiadas.
Eu aqui de casa informo-me e deformo-me através de noticias fresquinhas que a globo vomita em minha sala. 20:15 aqui estou eu. Todo pronto e perfumado pos banho, dou o meu boa noite ao apresentador (a) e vidro os olhos no noticiário.
Hoje por exemplo assisto a uma situação desesperadora pra uma Brasileira que teve a vara com qual salta perdida e ficou prejudicada na competição. A moça chorava, gritava pela vara, e os desorganizadores chineses não davam uma satisfação de onde estaria a vara (um mal oriental, segundo as mulheres e ditado popular) o tempo vai passando e o mistério continua, onde os chineses enfiaram a vara que era da Fabiana?
Eu to aqui me perguntando o porquê ela não salta com outra vara? E ai sim, resolve-se o problema. Pois não é tão fácil como penso, é complexo resolver tal questão, envolve-se ai uma complexidade que sugere uma fidelidade varal, por tanto entendo que nem toda vara é igual, e cada uma tem indicação e contra indicação, já cantavam os mamonas (comer tatu é bom que pena que da dor nas costas).
É uma verdade que nesse esporte não é toda vara que faz efeito, depende-se muito da altura da barra, e que as varas elas se fazem necessarias dependendo da situação na prova variando anatomicamente, podem ser varinhas, varões, uma mais grossa uma mais fina...
Não vou prolongar essa historia, o fato é que a Brasileira fiel a sua vara foi eliminada, o ouro acabou com a Russa, que chorou de alegria e garantiu o salto com vara perfeito, com a vara certa e com medalha garantida... É ouro como diria o Galvão Bueno.
Na verdade são muitos os momentos marcantes nessas olimpíadas, tivemos o Felps, um super peixe americanos que ganhou 8 ouros, ficou mais rico que o Haiti e saiu prometendo mais para as olimpíadas que vem. Sinceramente foi meio sem graça acompanhar as vitórias dele, foi uma dessas vitórias bem americanas onde os oponentes não têm muita chance (a não ser que surga um peixe vietnamita), pois é, foram vitórias comuns e normais, como no cinema hollyoodano.
A disputa boa de acompanhar tem sido essa de observar a quebra da hegemonia norte americana no total de medalhas douradas, a china e os chineses abriram os olhos (milagreee) e deixaram os Eua para trás, isso provavelmente vai acabar em guerra, e do jeito que a China tem ganhado tudo, liderado tudo, falsificado tudo (ate a nação) daqui a pouco vão acabar com os americanos e produzir quem sabe um rival falso, desses que facilmente poderemos comprar ou no Paraguai ou no camelo da esquina, ai meu camarada é só botar uma pilha e contemplar o funcionamento mecânico da nação.
Bem meu povo, chinalmente falando é tudo lindo, fora o episodio da vara, dos fogos gravados e de uma menininha que não cantou PN... Detalhes só detalhes!
Foi à olimpíada do paradoxo, de um lado Felps com 8 ouros e pouca repercussão, e do outro o nosso César Cielo (site de busca) busca medalhas (piada). O Cesão com 1 ouro e um bronze virou herói nacional, e heroi dantesco de parar São Paulo, cidade de gente inteligente e que ate hoje se orgulha de ter levado o Alckmin ao 2ª turno das eleições para presidente... Parabéns Cielo foi realmente um feito histórico digno de artigo ou qualquer cronicazinha irresponsável por ai.
A pseudo verdade deve ser dita, esse fenômeno aquático é realmente um vencedor, tu es-um fenômeno César. Vencer por uma nação que negligencia o incentivo ao esporte é sim extraordinário. Uma nação que não tem um trabalho de base de produção e potencialização dos atletas, que pouco fornece estrutura de treinamento e onde dificilmente se consegue patrocínio, faz de você um esportista franciscano, mas aos trancos, nados, braçadas e barrancos chegou-se enfim ao pódio. E por tudo isso o Darwin tinha razão.
Por enquanto é só. As olimpíadas continuam e podemos continuar a assistir o Brasil em ação, um Brasil de paradoxos, de muito ouro e de muitos poucos ouros até aqui. Precisamos garimpar e extrair das profundezas das nossas terras homens e mulheres de ouro, precisamos garimpar diferente da forma como os portugueses garimparam a 507 anos atrás. Garimpar o ouro de hoje é garantir o ouro de amanha, atletas de ouro em um país dourado. E o Brasil tem em sua gente um terreno a garimpar. Avante avante... Passam-se os anos ficam as expectativas!

sábado, 9 de agosto de 2008

Questionamentos de uma vendedora de cachorro quente.

Comer é uma maravilha.. As veses me pergunto se como pra viver ou se vivo pra comer. Porexemplo cachorro quente acho tão gostoso e é bastante saudável do ponto de vista do que tem fome e que compreende que a fome que mata é a de barriga vazia (meu Painho 1967... 2008).
Claro que se perguntarmos a uma nutricionista e ela entrar em uma reflexão critica sobre esse alimento tão popular quanto o cachorro, acabaremos optando por comer coentro, alface ou qualquer outra comida light, diet tão saudáveis quanto.
Aqui em salvador, em suas ruas, facilmente encontramos pessoas que sobrevivem vendendo cachorro quente. Vendem em carrinhos vermelhos onde geralmente existe uma placa com um letreiro em preto ou vermelho que diz: “CACHORRO QUENTE + REFRI 1,00” acho super barato...
Eu por exemplo como varios durante a semana, não que odeie folha e nem que eu goste de entupir artéria, é por um gostar qualquer, tomo mundo gosta de algo, inclusive de acarajé com maionese... O meu gostar não chega a ser um “AMO MUITO TUDO ISSO” é menos global é um gostar bom, e é bom por que é barato, e em tempos de crise eita que maravilha... Eu to numa fase daquelas em que se o dinheiro falasse meus bolsos, carteiras andariam mudos.
Sempre saio da “Universidade” pra comer um Hot Dog, que traduzindo é cachorro quente ou pão com salsicha pra quem não conhece, sempre que saio deixo de lado o senso critico, peço um sem medo de ser feliz e mando-lhe bocadas, repito a operação como recomenda-se nos rótulos de xampus e acabo por comer 2 ou 3. A analise critica deixo para a vigilância sanitária.
NO ultimo dia 7 de agosto saio da “Universidade” e vou então matar quem tava me matando, é a mesma que mata no Brasil e na África e não é AIDS: é Fome. A fome eu mato por que tenho as veses 1, 2, 3 reais, ai como o tal cachorro que nem sempre é quente mais tudo bem. Eu posso e quem não pode? Ou morre ou nem se sacode, por que na fome os movimentos são limitados, o corpo precisa poupar energia.
Era um dia bem quente, infernal, dantesco e ate normal em salvador que a cada dia esta mais quente. Deve ser o adoecimento global, ops aquecimento.
Saio e vou caminhado em direção a uma dessas barraquinhas mencionadas, ando devagar, movimento arrastado, desfilando, eram movimentos calculados pra evitar o suor é claro, e também por desfitudar na facs é claro, é caro, é carro, é calro que desfilar faz parte, carro também (não meu), o caro é obvio e o claro? É claro que o claro é claro, ou melhor os claros, e estes estão em toda parte em todas as salas. Escuro, preto por ali somente o chão onde se pisa, é evidente que o piso de tapete preto esta abaixo de nós, o piso é preto e pisamos, mas deixando a frescura reflexiva sobre a estética do piso. Na saída eis que encontro com a mulher do cachorro quente.
Ela bonita, simpática, uma criatura de aproximadamente 40 anos, dona de uma simplicidade tamanha, educadíssima e agora minha amiga, cativou-me virei freguês... Os olhos dela eram escuros, da cor da sua pele que é da cor dos pisos das salas de aula da facs, onde pisamos, desfilamos e produzimos muito, mais muito conhecimento mesmo...
Fora a anatomia do piso e do corpo, me lembro do dialogo, uma conversa tranqüila, uma conversa que vai e vem, o dialogo ia tranqüilo ate a amiga fazer-me uma simples pergunta, quer dizer, seria simples se não viesse de uma mulher, vendedora de cachoro quente na frente da “universidade” e adulta de 40 anos.
Minha amiga acabará de mecher em minhas feridas e inconsientemente mecheu nas feriads dela, da Bahia, do Brasil, do mundo e só não digo do universo por que não sei como andam nossos irmãos intergalácticos, essa nem Raul sabe, Ô Ô seu moço, do disco voador, ai saudade...
A mulher me perguntou, toda calma –“ o meu lindo isso ai é o que?” perguntava e apontava o indicador balançando o pescoço em direção ao prédio da “universidade”. Eu mastigava demoradamente e ganhava tempo, pensava comigo e agora o que dizer? E ela achando que estava pouco lançou outro golpe – “é tipo uma escola?” é que vejo o pessoal com caderno.
Eu grandiosamente sem graça, pré nocauteado tive que ser monossilábico –“ é”, parecido muito parecido, ai complementei a minha pobre resposta dizendo-lhe estão ai pessoas que podem pagar e pagam para aprender um profissão (Há exceção), e conclui, “eu por exemplo minha tia estudo psicologia”, senti que a havia xingado, não temos culpa, então ela completa – “que bom, português, matemática essas coisas?” E eu pensando que bom nada minha tia, que péssimo, seria bom se ela soubesse e estivesse dentro de uma daquelas salas de aula, talvez assim o piso fosse menos escuro.
Me senti desgraçadamente mentiroso, eu só contei parte da verdade. Menti pra mim também, na verdade eu nem sabia o que era aquilo, não sabia se era faculdade ou universidade, se era totalmente igual ou diferente da escola, se formavam profissionais ou pseudoprofisionais.
Eu me abati por não saber tudo, mais o que ela precisava entender disso tudo eu sabia, sabia e fui covarde lhe ocultando o porquê ela não sabe e o porquê ela ocupa seu corpo vendendo cachorro quente das 8:00 da manhã as 22:00 da noite, e o por que ela não esta em uma sala de aula como as que lá existem.
A implicação de uma pergunta simples quase me leva a chorar, e confesso que chorei, chorei no silencio, no meu silencio e no silencio das minhas palavras esquecidas e eternizadas, eternizado como o momento.
Talvez ter conversado com ela resolva a pequena parte dessa pergunta simples, que contem problemas gigantes. Por exemplo, se ela que esta perto da universidade não sabe o que é, imagine os que longe dela se encontram? Eu torço pra que ela guiando o seu carrinho a gás, chegue em casa e diga a seu filho o significado daquele prédio, a vida dele dependera dessas questões.
A universidade precisa ser mais democrática no seu acesso, ela já contem Kayk, trabalhadores informais, chicleteiros, baleiros ou baladeiros, iveteiros e etc. Ela agora só precisa deixar entrar vendedores de cachorro quente e os seus carrinhos carregados de duvidas, semeando questionamentos simples aqueles que acham que pensam.
Enquanto isso não acontece, os carrinhos continuaram parados, os vendedores estacionados e eu perambulando pela cidade fazendo minha parte. As lagrimas foram ocultas mais as palavras ganharam forma. E a vida ela não para, ela segue e o cachorro mantem sua forma e seuum sabor agradável e amargo.

domingo, 3 de agosto de 2008

Crinaça ex-perança

Pois é, hoje estou em casa pensando em fazer algo, e acabo de descobrir que sem dinheiro na cidade grande, tarde da noite, o melhor é ficar em casa, porque se sair à rua e tiver a sorte de ser assaltado e o azar de não ter nada no bolso... xiiii ba bau, quando o ladrão chega se você não tem nada, puro ele não sai... Leva pelo menos sua vida! Aff quanto pessimismo, mas de fato é só isso que penso.
Na falta do que fazer vai eu pro MSN, saio ao mundo sem sair de casa, que lindo... Pois é, sentado em uma cadeira branca, porta do quarto aberta e com a bunda já doendo (a cadeira não é confortável), começo a TC com colegas, amigos e inimigos... Tenho inimigos amigos incríveis, são super gente boa.
Tem aqui on line Ferananda, não é a artista global, aquela Montinegro de central do Brasil, mas é também artista dessas artistas do cotidiano, é menos famosa e pra mim mais interessante, ela é a Ferananda Firmo, e sempre que ela ta on line eu Firmo uma conversa com ela.
Enquanto converso com Nanda e sinto a bunda doendo e muito frio, me pego a escutar o pede dinheiro da globo. É uma forma indireta de se pedir esmola sem mostrar a cara do mizeravel... É um tal de criança esperança!
Como eu to numa fase em que tudo é motivo pra escrever, porque agora tenho um BLOG, ualllll, gente vocês não tem noção, é um Blog é de graça e não morde... Há como é bom existir virtualmente, me sinto mais gente e menos humano.
Queria um motivo achei, ai vai eu escrever agora sobre o programa, a primeira reflexão é de espanto, olha a globo produzindo inquietações viva viva, queria que Roberto Marinho pudesse me ouvir agora, ai que saudade, (mentira viu gente) queria não, muitos anos sem nós por lá ao lado de ACM e o outro anjo de luz.
O programa e as ações são legais, adoro ver milhões investidos em crianças e as crianças batendo atabaki, tambor, berimbau, essas coisas que fazem som, não assaltam ninguém, e que sustentam milhões pelo Brasil, na Bahia então! Eu prefiro violão, mas um berimbau também seria legal e para eu um Baiano seria mais fácil de tocar, é ou não é professor fulano da Ufba? É...
Antes de comentar sobre as atrações do programa só queria fazer uma analise da marca criança esperança, é uma coisa rápida antes que eu perca a esperança ou a vida sei lá!
Acho que o nome deveria se chamar: Vamos doar meu povo! É serio, eu acho isso porque criança esperança não tem coerência alguma.
Por ex: esperança, o que é? Alem de um inseto verde que traz sorte, é também aquela a sobrevivente, a ultima que morre... Mais morre. E no Brasil a criança não pode ser esperança, por que aqui as crianças morrem primeiro, primeiro que os pais, primeiro que a esperança, morre primeiro que o feto, absurdo como diria Datena. Talvez o nome do programa sendo otimista, possa ser “Adulto uma Esperança”, porque do jeito que vamos vai sobrar dinheiro pra previdência, e ai meu povo tome dinheiro na cueca, na mala.
Enquanto eu penso e a bunda dói, uma banda Baiana fazia o som no programa, banda sucesso, de tão boa nem parece banda de musica, e é a cara do programa: “Chiclete com Banana” o primeiro nome já agrada as crianças e se os macacos assistissem TV ela seria ainda mais sucesso. Pense ai a macacada e a criançada, Xuxa e Didi fazendo bola de big big, e ploc...
A banda como dizia nem parece banda de tão boa que é, parece baleiro de coletivo em salvador, eles dizem chiii- cleee- teee, ou então parecem crianças fofas, pidonas e chatas “chiclete, chiclete, quero chiclete chiclete, quero chiclete, chiclete pra grudar no seu juízo”... Aff uma delicia de tão criativo.
Como estou refletindo e escrevendo sobre o programa da criança, só me resta falar delas, insetos verdes, tcharam criança esperança.
No programa tiveram 3 que me chamaram atenção, como o programa é no Brasil, obs. importante, tinha uma lindinha, loira, fofa, bilu bilu, é a Xuxa, recém nascida aos 44 anos de idade, brinca uma picula que é de dar inveja a kayk com só 21, e ela faz um biquinho, que fofo, parece ate querer mamar, vai lá Szafir... Xuxa é filha mais nova de Pelé.
O outro era um molekinho bem esperto, tão novinho e já fala tudo, Didi, um bebê de 65 anos que quando crescer vai ser apresentador, ou então criança.
E tinha mais um, foi surpresa, ele ta de volta e me deixou bem preocupado é o Dede ou dada pra os íntimos que o pegaram no colo. Me preocupou e vou querer saber quem é a mãe dessa criança, quem é a mãe? A criancinha ta gorda, precisamos ajudá-lo, mãe irresponsável. É aquela historia presidente, obesidade no país da fome zero.
O sábado foi por isso tudo, perfeito, porem o triste foi ter constatado meus camaradas, que se foi-se a família e acabaram-se os avos. Se você tem de 45 anos acima faça a sua matricula: escola globo, serie: jardim de infância no país Brasil, o único que não envelhece... Acho que adulto por aqui só os políticos, adultos e pais do povo, e assim a vida segue, adultos riem e as verdadeiras crianças choram... Choram e ninguém vê. Por hoje só isso, a TV é a globo e o povo é quadrado.


sábado, 2 de agosto de 2008

O individuo hipermoderno a sala de aula e as futuras crianças.

Na sala 113 uma agitação toma conta daquelas que se dizem os modelos da perfeição. A agitação é assustadora a possibilidade de que por um momento elas estejam fora do padrão perfeito, machuca, preocupa e ameaça. As meninas superpoderosas se olham, se contemplam se examinam.
De repente um grito aiiiiiiiiiiiiiiii... O absurdo acontece.. “Para Fidel a revolução é a coisa mais importante, para Xuxa os baixinhos, bush o petróleo, porem para as garotas superpoderosas o importante é a desgraça que as ameaçam, é a ameaça mortalllll”.
Ao longe observo, tremo de medo, constato sofrimento na face dessas garotas, sobrancelhas arqueadas, olhos tristes, lábios que se mordem, todas elas acuadas no canto da sala, sentadas “tortas de charme”, em cadeiras pretas da cor dos (falos) que a desejam.
Outro grito aiiiiiiiii... O desespero que ameaça a perpetuação da espécie esta ali cravado em suas peles, causando um contraste que se assemelha e se confunde ao tom de sua epiderme, o grito de medo que observei discretamente era um câncer pelas moças considerado, era naquele instante o tudo no universo. Arthur já não existiam aos seus olhos, o que elas só observavam e o que as ameaçavam era uma mancha de tinta branca cravada em seus cotovelos, que logo foi recalcado por um creme milagroso produzido pela “NATURA”, que elas se passam e que a devolvem a sua pele a naturalidade e a beleza midiatica.
E eu observo, me contorço e choro, pensando comigo “quês mães serão essas? Que tipo de gente serão seus filhos?”. Espero que não sejam crianças de louça, construídas na argamassa da industria e espero que tenham vida e que não sejam mortas psíquicas como as mães que se modelam...

A desgraça do idioma

9:07 da manhã, o CCAA mostra na sala de aula o resultado da lapidação de talentos natos!
As poliglotas se organizam e blasfemam contra nossos ouvidos, clamam e cospem os blá blá blas, de um mugido estranho!
Me questiono se é Britney ? me pergunto se na turma torre de babel, somente eu não compreendo o coral da riqueza literária!
Bundas! As bundas... elas demonstram todo o seu suyng corporal, fazendo uma glamurosa exposição da figura, transbordando de uma masturbação intelectual, que dá prazer aos que ouvem, menos a uns poucos eu e etc. EXCLUIDOS!
Sala da felicidade, idioma universal, perfeito. E elas pensam “ carreg-nos ouvintes delirantes” a nossa grande obra, em seus ouvidos penicos. Isso o nosso ouvido é penico! Então: viva a merda, viva vocês, viva o inglês burguês e a exposição da figura! Mizeria...

O show de truman o show nosso de cada dia.

O Show de Truman é uma dessas produções cinematográficas com um que de futurista, mas pela primeira vez percebemos se tratar de um futurismo contemporâneo e isso é algo paradoxal, e é bem contemporâneo no que concerne essa relação observador/observado.
Truman por exemplo vive sendo observado em seu campo, uma observação comercial, onde a problemática e a complexidade do sujeito emergem como figura, e o contexto figurantes, e produtos propagandeados ali surgem como fundo.
O olhar que se lança sobre o Truman perpassa todo alicerce das relações humanas, e é na tentativa de compreender as partes que fazem parte dessa relação que o olhar interdisciplinar se faz necessário.
Fala-se, por exemplo, da psicologia: vamos do campo onde esse sujeito esta inserido, a uma relação de estímulos muito utilizada pela psicologia da gestalt, onde em tal contexto o marketing se aproveita de tal conhecimento como uma estratégia.
Karl Marx já dissera que “a sociedade não só produz um produto para o sujeito, mas também produz um sujeito para o produto”.
Em Truman percebemos o quanto e como diferentes formas de estímulos são utilizados para produzir aquele sujeito. Produziram-se medos, prazeres, desejos, necessidades.
Tal relação é multidimensional, pois vai de Truman aos telespectadores, estabelecem-se um campo de comunicação entre a situação, o observador e o observado. E o momento final do filme é o momento épico dessa ilustração, projeção de observador no observado, lagrima, desespero, interação psíquica...
O filme põe em comunicação psicologia, sociologia, e economia. A vida do Truman se analisada sobre uma ótica critica é sem duvida alguma a nossa vida cotidiana.
Somos observados 24hs/dia, na padaria, ônibus, universidade, shopping, casa, bancos e etc. Somos vigiados e punidos condicionalmente, produzem-se neuroses em nós de acordo ao discurso produzido. Assim como Truman, temos nossos medos por outrem criados, não saímos à rua, fechamos o vidro sempre no semáforo, comemos as coisas que tenham um aspecto visualmente saudável, estigmatizamos o negro, “assaltante em potencial”... Temos envolvidas nisso, mídia, sujeito, economia.
Só que nessa realidade aqui, fazemos os diferentes papeis, somos observador/observado, e o Maximo de toda essa conjuntura, é quando, por exemplo, paramos a nação para assistir, os shows, s dos Truman, s global com os seus BBB, s 1, 2, 3,8... Infinito, e lá também se faz propaganda, de alfinete a carro.
No show do Truman ou no show nosso de cada dia, a percepção, a necessidade de se compreender o como o homem percebe o mundo é algo central... A mídia o marketing dependem disso. Compreende-se o homem como um todo, mas ai o conhecimento tem uma aplicação que é nociva ao ser, à lógica do lucro pelo lucro impera, e é na relação aqui - agora que nós ou Truman nos manifestamos sob estímulos que emanam das ondas do radio e televisão, e que perpassam o nosso campo modificando-nos de acordo aos interesses.
O show de Truman é o nosso show, constroem-se o Truman, constroem-se nós, assistimos ao Truman, assiste-se a nós... Somos enfim observador/observado rimos do show do Truman, rir-se do show da gente. Embaixo desse teto que nos cerca, não existe nada novo, sem novidades, de Truman a nós, só existe a nossa verdadeira e comum identidade a do “ser palhaço”.

UM DIA DE GENTE

Um dia de gente

Era um dia diferente, começou diferente desde o inicio. Alias eu nem sei se realmente começou, porque foi uma daquelas noites em que a atividade lhe consome e você tendo que cumprir prazos acaba por ver a noite metamorfosear-se em uma manhã cinza e rosa, como esta do dia 24/05/2008, manha de um dia diferente, diferente porque foi um dia de 48hs.
Passei a madrugada inteira vendo CD, s de Raul sobre a cama, sentia um friozinho ate confortável, tinha a face inchada, pupila dilatada, e uma xícara marrom sobre a mesa do computador, noite boa, passei por ela me drogando, consumi uma garrafa de café preto... Café pilão até gostoso. Volta e meia me levantava em um ritual estranho de olhar-me frente ao espelho, percebo-me um narciso frustrado, como sou feio, de madrugada é claro. Ate sugeri a mim mesmo que só me olhasse no espelho durante o dia, acho que pra sentir-me bem comigo...
Sim, eu nesse dia tinha que chegar as 07h00min da manhã na “universidade”, fazer um trabalho de Freuderico lima! Tomei banho com um minúsculo pedaço de sabonete, preguiça de pegar outro, o pedaço cheirava a mel e a cachorro molhado, opinião que comungo com minha irmã.
Então me preparo e desço os degraus 2 em 2, saio do meu recanto e vou ao ponto pegar o buzão. As veses me acho místico, sinto coisas, prescinto outras, quase um Kayk Chavier. Nesse dia incrivelmente não ventava imaginei que estivesse insensível por não dormir, e de repente eis que penso na minha morte e fico assim a refletir, tava deslocado e sem orientação, coisa ate comum ultimamente.
Eis que a porra do buzú surge da curva, curvinha curta, cercada de casinhas, surge e me arrebata para a realidade. “É um buzú branco, nome vermelho dos lados e a bandeira dizendo T. FRANÇA”, claro que não é a França do Zidane. Então estendo o dedo num movimento de macho, polegar estendido e gestos bruscos e rápidos, ai o motorista me olha, para o carro, - bom dia motor! O homem balança a cabeça, é ate simpático, moreno, baixinho, óculos escuros em plena as 05h45min da manha! Pra que? É o Roberto Jefferson da Bahia.
O ônibus era um microônibus, tava muito cheio, mas consegui me sentar, povo fisionomia fechada, calados, tal silencio é comum é histórico! De repente uma senhora berra, “foi esse aqui que assaltaram ontem, ainda bem que eu não tava, disse ela”. Eu pensei, que merda, eu ali com medo e essa maluca falando de assalto! E agora? E se me roubarem? Vixe vão levar 2 vales e 5,00 RS, estou perdido pensava!
Enquanto isso silêncio e estrada percorrida... Então de forma rápida o ônibus freia, anda a 10 km/h. Quebrou? Eu pensei. Burburios no ônibus, o silencio da vida cotidiana, dessa relação entre gentes, foi então bruscamente perturbada, não era nem o jogo do Bahia e nem do Vitória, era algo “novo”... Eram dois corpos de adolescentes espalhados ali na pista reta, capotaram um Uno prata, que agora só restava a metade. Eram dois corpos sem vida cercados por sangue, ambos trajavam Jeans, camisa branca outra azul, corpos descobertos e policia ainda a chegar.
Perplexidade, o mundo desaparece é fundo, adolescentes figuras, tristes figuras. No ônibus faces assombradas, olhos tristes, sobrancelhas elevadas, todos em pé contemplando pela janela, em movimentos iguais... Eram homens e mulheres camaleão, diferentes cores porem a mesma expressão. Era uma mimese, olhos que se viam e agora se enxergavam diante de vidas que se foram... Eu todo arrepiado, chocado só conseguia observar a cena, pego a caneta e me ponho a escrever fragmentos da crônica.
Pensava nesse sentimento ruim e estranho, perguntava-me que sentimento é esse “novo” que anula toda a indiferença do cotidiano e faz comunicar-se o ser e o outro? Será que é uma solidariedade e uma identificação intra-especie? Ou se trata de uma urubuzagem humana, um sentimento necrofilo?
20 minutos depois o silencio imperava novamente, a atmosfera era triste, verdade, mas era um novo silencio não o da vida, e sim o da morte. Morte e vida opostas e iguais, iguais no silencio que separam os homens, assim como a morte separa o homem da vida. Então pensei será que a vida não seria uma vivencia de morte?
Aff... Chego enfim ao meu destino, rodoviária, desço desnorteado e caminho atordoado e sem rumo, apenas andava com um único pensamento “pensar em nada”! Mas naquela região o fluxo de vida é intenso, e vibrações do som dos camelos chegavam aos meus ouvidos, então me pego refletindo sobre a letra da musica que tocava, não era Raul é claro, era um tal de “chupa, chupa, chupa que é de uva, chupa mamãe, chupa que é de uva”.
Assim eu criticava a musica, cunhava a uma apologia incestuosa, horrível, mas logo achei uma explicação. Tal musica Freud explica porem aquele sentimento, esse dos humanos frente à morte, esse não tem explicação, não tem porque nem Freud explica. Pois é Sr. Freud, a sexualidade ta na vida porque na morte só espanto, sem libido, sem fixação, só ausência... De vida e Humanos.