sábado, 27 de dezembro de 2008

O na tal dês com sa grado



Hou hou hou, aqui estou a devanear em reflexões natalinas... nesse corrente mês quis eu alienar-me ao mundo interno, fechei-me sobre mim mesmo e escolhi saborear as 991 paginas de Dom Quixote. Acredito ser um livro perfeito para o natal, porque a muito se compara ao nosso pensamento dezembrino (eu 2008) onde todos devaneiam sobre uma realidade impalpável... Fora todo esse excesso de racionalidade que abarca meus escritos que reflete o assassinato do meu pensamento mítico-magico (tão importantes a felicidade, credo) lanço-me então a construção dessa cronicazinha tão desprovida de moral, do pudor e recheada de ética do bem dizer, o que me faz dedicar essa merda a Papai Noel, padres, pedófilos e a todas as criancinhas pobres desse país (não é a milésima crônica, mais inspiro-me no pele).
Nessa datinha 25 começo fazendo associações políticas que me lembram os saudosos democratas (ex PFL), e analisando como estes fazendo jus ao numero 25 vão as ruas presentear o povo com colchões e filtros, dando um exemplo de como se distribuir presentes (ao povo sem noite e sem água), isso tudo é um detalhe, devemos celebrar os homens bons, não dedicarei mais linhas a tão caso, pois arrisco perder a intenção da coisa... Vamos lá.
Há 2008 anos atrás época em que Raul ainda era vivo, celebrava-se o dia 25 como sendo o nascimento de Jesus, pois bem meu senhor, aviso-te que após tua morte as coisas mudaram por estas terras, hoje dedicamos a você o presépio e a presepada, e celebramos o consumo e o culto as mercadorias TOP e as que nos tornam IN... bay bay jhesus... Calma cristãos relaxem, porque dia 26 nosso salvador tornará a ressucitar...
Toda a celebração do dia 25 vai alem (literalmente alem) de se dar estritamente no comercio, se da também em casa (literalmente ou motel) no que aprendemos chamar de “santa ceia”, é a santa ceia cheia de putas que toda família tem (parem pra pensar e defina só uma), fora as putas, quer dizer, dentro e dentro das putas a ceia é recheada de peru, parentes falsos (varios) e crianças mal educadas (to falando dos que celebram na pobreza) porque tem aqueles burgueses de mulheres putas, cândidas e católicas e de filhinhos educados que esbanjam o sorriso amarelo de shopping que olham a mesa (na mizeria primeiro avança, depois se olha) e seguram seus muitos presentes de forma exemplar e adestrada repletos de felicidade, é natal, afinal é assim que o mundo progride ordem e progresso (Augusto Conte), vou contar é uma balela...
Passeando pela condição climática do momento, vivenciamos em dezembro esse frio maldito que faz no Brasil e esconde as bundas e o turismo fica escasso, cai à neve e esse é o contexto em que chega Papai Noel chega ao Brasil, passa primeiro em salvador porque da uma parada pra trocar os viadinhos e segue.
E seguindo viajem o bom velhinho descobre que sua puta Mamãe Noel reproduziu tanto que favoreceu a miscigenação, tem papai índio, branco, negro, anão e os cambal, (ela dava a buceta de presente) descobriu o fato e percebeu que pelo mundo tem irmãos que se assemelham a ele só em vestimenta.. E segue Papai Noel pelas ruas como se fosse à China ou Japão e cumprimenta a todos os seus irmãos emitindo o seu som clássico, miscigenado agora hibrido e ae brother hou hou hou, cole peixe hou hou hou, fala mizere....
Pois é companheiros, o natal mobiliza a todos em nossa sociedade, incluindo os afáveis pedofilos... O pedófilo vai às lojas e compra varioosssss presentes, saem à rua passando a mão no chicote ainda virgem que restaram dos natais passados de algumas crianças e as apertam, beijam dão dedadas, ele pode, ele celebra é seu dia, afinal é o único dia do ano que o pedófilo pode exercer seu prazer em paz... Quem tudo vê e tudo odeia é o padre.
O padre odeia porque ele também adora um cu de criança e logo se vê ameaçado e tendo que competir (quanto ciúmes) com essa figura barbuda que lhes ameaça tirar o doce. Entre o padre e Papai Noel, alem de comer criança e do “saco” contendo o presente a elas oferecido, um outro fato que os torna comum, é o fato de se aproveitarem de Jesus para degustar as hóstias infantis em seu formato clássico circunferencial.
Fora essa literal comilança que concerne o natal, pouco me resta refletir, afinal tudo se resume ao comer, porem existe algo que me recuso a não falar, os presentes. Presente é bom e todo mundo gosta, ganhar presente e viver o “presente” é sempre bom, vive-i o presente com um pouco de criticidade...
Mais o presente material e não o temporal, no natal tem um gostinho que se envolve em expectativas e faz a todos imaginar o que virá no saco do Papai Noel, alem de espermatozóides, virá carrinhos, bonecos, CD, s, games, livros de auto-ajuda, chocolates, filhos e violência, uma violência simbólica que maltrata e assassina a esperança das crianças despossuidas de dinheiro, de papai Noel, papai do céu... Crianças despossuidas de um pai espiritual que não as socorrem e as deixam vegetar na mizeria, e um outro papai que não chega com o pão de cada dia e que nuca traz os presentes pedidos tão carinhosamente em cartinhas carregadas de inocência, a ponto de esquecer que são pobres e que em suas casas não existem chaminé, a não ser que papai aprecie um crack, um hollyood... Vai-se o natal ficam traumas e lagrimas.
O natal e sua hipocrisia só existe no real pra quem tem real... A outra parte (os despossuidos) esperam sentados sem centavos celebrando o Ano Novo, com a idéia de que no próximo natal o bom velhinho virá, virá um cacete. Entre a frustração do desejo e o renascer da esperança são apenas 7 dias.Peço desculpas à maneira desconexa com que se deram tais reflexões a ponto de a presença de sentido desse texto preguiçoso ficar sob ameaça... Porem para finalizar com um jingou-bel coerente, mas do que putas (adoro), padres, pedófilos, pobres e os ausentes, queria sugerir em homenagem a Cervantes, quem dêem de presente a seus proximos o livro “Dom Quixote” ou Dêem Xicote. Sugiro o livro porque lá existe um exemplo de amor e fidelidade que deveria ser seguido por todos os homens de boa vontade dessa terra, o exemplo é dado pelo escudeiro fiel de de Dom Quixote, chamado de Sancho Pança.. Pratiquem, afinal a SAN CHU PANÇA da prazer e é sadia, o melhor do natal é viver o “presente”

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SSA sobre transportes e chuvas

Não eu não estou aposentado! É falta de tempo para escrever, e em final de semestre tempo é tudo que falta.
As pequenas linhas só foram escritas devido o caráter extraordinário do ultimo dilúvio urbano... Coisas raras que vão desde uma briga entre irmãos evangélicos, passando por um Ferry boat com nome de mulher “Ivete Sangalo” o Ferry pop, olha o ferre aê olha o ferre aê... E opa, já ia esquecendo da minhoca de metal como cantara o Rappa, é do metrô ou metro que estou falando, acredito ser mais conveniente chamar de metro pra ser coerente com o tamanho da coisa, é uma justificativa lógica, já que japoneses tem pintinho.
Salvador essa city (pra enfeitar a escrita) construída e banhada a sangue, com seus estelionatários, vagabundos, prostitutas universitárias, pastores, cornos, gays lésbicas e simpatizantes, amanhecera sobre o castigo de Jah ou Deus... Que chorando horrores resolveu lavar a cidade (tava na hora) pecaminosa. Com certeza os sodomienses e os gomorrienses estão no inferno morrendo de raiva frente a nossa potencialidade urbana pecaminosa... só que por aqui, ninguém virou sal ou pegou fogo, aqui nós bebemos água e viramos peixe (sem sereias) Deus é GOOD, ou God!
Salvador é uma cidade fantástica, nos temos aqui o bairro da paz que é um dos mais violentos da cidade (deveria ser bairro que jaz) e não tente entender.
Voltando ao épico apocalíptico vamos falar dos outros fatos, vamos começar pelo mimetismo, mais qual? Explico. A nossa cidade é Mara (a Mara maravilha para os evangélicos) e a Mara de Mara (Aladir 2008, aquele velho viado do seriado). Por que é Mara? Nós vivemos na cidade da mimese, temos carros/ Ferry boat,s onde suas características só podem ser observados em momentos de dilúvio, essa é uma verdadeira característica camaleônica. A água do dilúvio invade o ônibus por cima por baixo, pelos lados, pelas portas e etc. O povo já esta acostumado, uns riem, outros tomam notas para crônica, outros agradecem as águas divinas e ate cantam pagode vai entender.
Os carros viram ferry,s pesados e “lentos”, é uma felicidade só. Tais características fizeram a AGERBA determinar que a partir do ano que vem, todos os bus/ferry.s terão de contar com um moderno botes de segurança, em caráter de urgência, substituindo o antigo sinto... Sinto muito! E o povo deverá levar consigo um pé de pato de borracha.
Quero ressaltar um detalhe da cidade mimética, as bocas de escoamento, também metamorfoseadas e conhecidas como bocas de lobo não bebiam a água do dilúvio, regorgitava-a e junto com ela o lixo urbano, do ponto de vista do novo modelo cientifico, isso é a complexidade na pratica. Toda essa analise é breve por que preciso ser econômico com tempo e palavras, pra não me afogar no semestre.
Salvador e suas surpresas, e falando em surpresas alguém já viu o carro/pop/ferry? Alguém já viu aquilo? Ele, ops, ela é grande e rápida, bonita e pop (isso é antransporformização). Pois é, lá também se opera a mimese, já deixou de ser lento, “anda” como os carros e nesse caso ao invés de botes a AGERBA determinou sinto de segurança, (sinto de segurança por que sinto insegurança) como diria Aladir é Mara. Eu acredito se tratar do fim dos tempos (dos tempos normais), e por falar em fim dos tempos, já já relatarei a briga dos irmãos no momento oportuno.
O mundo ta uma loucura, e por citar loucura cabe uma reflexão: existe loucura maior do que falar do menor metro metrô?
Consta em minha lista que o maior METRÔ do planeta esta localizado em ITU-SP e tem cerca de 123451789993.958767674.9875 km de extensão... Aqui em salvador podemos nos orgulhar por termos o quase menor METRO (de metros) funcionando no mundo, são 10 km, em homenagem a cidade paulista iremos chamalo de METRÔ de IN-TU-Bahia
Sem maldades, por favor, nada de IN-TU A MÃE, ou IN-TÚ, ou IN-TU PAI aquele corno reacionário ou até IN-TUPIDO de mentiras, promessas e etc... Era uma piada.
Só pra lembrar acabando a guerra sobre a etimologia do METRÔ aéreo iremos batizalo de METRO O BALA. E quero explicitar minha revolta, por que nem o metro do japonês é tão pequeno, como poderá haver satisfação nessa condição?
Com tanta desgraça e com o mundo pelo avesso, com os irmãos evangélicos brigando em pleno dilúvio blasfemando-os um ao outro em pleno transbordo (culpa do inimigo ou lúcifer) só nos resta correr para a ARCA ou correr da ARCA e da ALCA (que é esposa do álcool e causa uma embriagues imperialista), sobre a ARCA já já explico.
Antes quero falar do meu lado feminino e curioso, que me fez perseguir a briga e escutar atentamente o dialogo berrado dos dois sem o que fazer, bitolados e chatos da igreja. Questionava-me o porquê eles não morriam logo e iam pra perto DEUS, já que lá é tão maravilhoso? Há...
O mais velho cabelos grisalhos e veias alteradas urrava “buscai o senhor enquanto estai vivo e etc.” o outro irmão que com tudo se ofendia (culpa do inimigo Lúcifer) dizia “ seu burro, a palavra de deus é pra quem quer ouvir (bem democrático, gostei mais dele), a palavra de deus é pra ser pregada e não pra ser escandalizada, eu sei ler eu sei ler, não sou analfabeto (etimologicamente burro do anus)”.
Ai já viu né, foi um bate boca de citações e conhecimentos bíblicos que catequizariam qualquer um, menos eu naquele momento. Era um tal de Jesus disse e outras verdades, como os psicanalistas Freudianos fazem. Eu sinceramente estava adorando aquilo tudo, eles pareciam duas mulheres histéricas, e talvez o fossem, por que vocês sabem que evangélico vem de EVA, ou seja, mulher, e sabem também que na igreja não tem homem, no Maximo um pedófilo comedor de criancinhas e por isso às irmãs (não as minhas) são tão loucas por pica. E quero só reiterar que se um dia me perguntarem se já fui a uma reunião de Gay, s, eu direi que sim “fui a igreja”, era uma piada k k k k.
Dizia minha mãe que cabeça vazia oficina do diabo, será que ela tem razão? Crediooo... O fato é que se não sou eu quem escreve tais absurdos, eu fico livre pra lançar a culpa nesse capeta que se apodera do meu corpo (que gay), talvez seja a alminha do caboco Capiroba em homenagem a João Ubaldo Ribeiro.
Pois bem meus amigos só besteira consigo relatar, mas a merda tem um pouco de merdade, temos uma cidade altamente dependente da malha rodoviária, onde qualquer chuvisco caotiza o cotidiano. Onde as soluçoes para os soluços dos oprimidos vem de discursos nostálgicos e irrealizáveis, é ou não é metrô? Onde a solução para os problemas sócias do nosso povo não reside e não pertence ao poder publico aos administradores dos nossos recursos e sim a Deus...
Nessa cidade dos contrários e em meio ao dilúvio só nos resta escolher como local de salvação e segurança a ARCA DE NOÉ contemporânea. E para entrar nesta arca é necessário fazer parte do jogo perverso social. Temos que matar, roubar, estuprar, espancar, enganar, caluniar, surtar, delirar... Pra entrar no jogo é necessário cometer “crimes” por que a ARCA nada mais é do que o Juliano Moreira e o Lemos de Brito, afinal camaradas não é lá que se colocam os bichos?

sábado, 11 de outubro de 2008

Merda e desgraça, dialogo possível.




Após dias que pareceram séculos, após ser tomado, possuído por uma crise improdutiva, isto é (isto é não é propaganda de revista) se é que as minhas outras crises não foram crises de criatividade, e esta fase de pura ausência de idéias seja de fato a minha cara. Vai eu escrever esse besteirol, sobre merda e desgraça.

Salvador + Bahia + Brasil = A baiano, brasileiro, medo de violência, e comedor de acarajé... O acarajé é algo que idolatro, e claro que não sou preconceituoso quanto aos seus aspectos físicos, sendo acarajé, tendo a cara de acara-jé eu estou me jogando...
Errante pela rua encontro uma BAIANA, normal estou na Bahia! Mas era uma baiana mais baiana que as outras baianas lavadeiras, merendeiras, desempregadas e etc. Era uma baiana de gênero, era a baiana de acarajé, belamente vestida com aquele típico traje de noiva pobre... (nada contra)
Bem! Vai eu compro, como e vou dormir (hábitos normais dos estudantes), vou à unifacil, ops unifacs! Ao chegar e caminhar pelos corredores, eis que começo a sentir arrepios ui ui ui (bem gay esse trecho), algo me possuía (mais gay ainda), era uma entidade, entidade popularmente conhecida como diarréia, caganeira (que nojo), cólica, dor de barriga e dependendo da classe social e se for menina poderá chamar-se, como diria as gatinhas tímidas “sentindo uma coisa aqui”.
Assim que terminei a introspecção, e notei que isso é o que os radicais vão chamar de auto-conhecimento, me lanço ao sanitário ao lado do laboratório geral 1. Passei por um período de lanços, lancei-me ao banheiro, lancei-me ao vaso, lancei a merda no vaso (a melhor parte), que lançou a merda no esgoto, que rodara toda salvador e acabara sendo por fim lançada no MAR. E se você tiver sorte, poderá ate encontrá-la em uma dessas praias aqui de SSA. Ela é do tipo mole e escura, devera estar mais escura por causa do bronze, mas caso encotre-a, cumprimente-a, diga a ela que sabe de que CÚ ela saiu, e diga que kayk mandou lembranças.
Após essa reflexão sistemática e poética de dona merda, continuarei a narrar o que se passou no banheiro no momento em que eu gemia silenciosamente.
Durante esse processo que antecede o alivio, entra no banheiro um pai de família desses que sustentam a prole limpando a sujeira do burguês. Entrou, verificou todos os vasos antes de limpa-los (era um bater de tampa ensurdecedor, e eu lá encolhido, e ansiosamente esperando que o silencio e a paz retornasse ao trono).
Retornar como? O senhor ao abrir o vaso ao meu lado esquerdo, bradou instintamente “que desgraça, que porra, desgraça, desgraçaaaaaaaa”... Fez um nhecc..... De quem vai puxar o nojo com o cuspi, cuspiu, deu descarga e bateu a tampa raivosamente... Um vaso de merda o esperava todo sujo, para que então pudesse ser novamente limpo... (estudantes mal educados, mamãe não ensinou a dar descarga e nem estava lá pra apertar o botão... quanto mimo).
Nessa narrativa sem graça, até poderíamos brincar com tais questões, porem prefiro silenciar-me. Calo-me frente a esta constatação do cotidiano, a constatação da qual a teoria nos fala, e o que é que a teoria fala? “Fala que de fato, todos os dias tem uma grande quantidade de gente, que sujam as mãos limpando a nossa merda”.
Vamos andando e cagando filhinhos, por que o mizero diploma já não te livra dessa realidade... E cuidado! O mundo não é cor de rosa e nem ordenado, ou aprendes a dar descarga ou serás tu meu príncipe a grande merda dessa historia. O mau cheiro esta no ar e são poucos os que tapam o nariz, perfumem-se mais sejam educados.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Angustia e ação



À noite na cama sentado.
Sentado calado na cama.
A cama me acalma calada.
Calada a cama reclama.

À noite silencio total.
Total é palavra da noite.
Ouvir-te é um tom desigual.
Senti-la é medo do açoite.

Ouvir-te requer tradução.
Tradução é ação a fazer.
Fazer convoca união.
Porque ação é um agir sem saber.

Coragem na noite falante.
Falante pra noite calada.
Olhar-te assombrou-me um instante.
E traduzir-te é uma triste piada.

Pensar é agir ou chorar.
Tristeza é chorar sem agir.
Felicidade é agir sem pensar.
E o medo é ficar sem partir.

A cama não pensa, mas age.
Eu ajo pensando na cama.
O silencio ganhou em palavras.
Sai da cama que a vida te chama.

A cama é o coma do corpo.
O corpo é a cama da carne.
A carne em coma no corpo.
É o homem perdido em vontades

sábado, 13 de setembro de 2008

Deus x ímpio = barroco hipermoderno



“Dedico esta crônica ao saudoso Elnatã Misael, que assim como eu, tem cadê vez mais dedicado o nobre tempo à introspecção”. Digno ainda de dedicatória é o fato de o nobre colega, comungar com a minha pessoa o sentimento de espectador da vida. Um observar e assistir a vida, que tem cada vez mais nos mostrado o quanto é dificil testemunhar a morte da “ingenuidade humana”. Ingenuidade humana, que tem a sua existência muito bem representada pelo homem da zona rural, homem que chupa o bago da jaca e trepa com seus animais...

São por volta das 01h05min da madrugada, madrugada esta que antecede a prova de psicologia sistêmica. Estou literalmente rebolando sobre a cadeira (não sei o porquê) e a devanear sobre o grande e sempre onipotente “papai do céu”.
Primeiro quero dizer-lhes que estou morrendo de medo de falar de Deus. Cresci entre evangélicos e católicos, e sempre fui pelos mais velhos informados que o Deus tudo vê e tudo sabe sobre mim.
Partindo desse fato, o que vou contar só será novidade para os caros leitores, isso porque deus dessas letras já sabia, e eu agora a escrevê-las não terá para ele nenhuma novidade. De qualquer forma “todo poderoso” mil desculpas, estou a te xingar, mas confesso que o meu cú esta piscando... Lá vamos nós!
Nesse exato momento estou fazendo careta e ficando zarolho, é um ritual cabalístico do acasalamento e que antecede a escrita.
Estou a me perguntar se todos já tiveram pelo menos uma vez medo do universo. Do big bang ou bang bang urbano? Medo do infinito ou de morrer? Vou confessar-lhes que tais mistérios sempre me assombraram, tinha tanto medo que a barriga gelava e sofria taccardia, era quando eu então gritavaaaa me debatendo, e acabava por exorcizar o medo e o demônio que me faziam pensar sobre tais coisas (segundo mamãe era o cão), eu acredito que era a razão.
Passado alguns anos e o universo ter perdido seu assombro, culpa de Morin, me vejo pensando hoje sobre Jha, ALÁ (não a marca de sabão em pó), Deus e derivados.
Deus é o cara que da voz e sentido ao universo, explicou tudo, confortou-me, criou tudo lindo e maravilhoso e depois descansou. E quando descansou provavelmente deve ter sido massageado por uma dessas “deusas terrestres” que devem ter a sua matriz no céu, claro, ou você acha que deus é algum otário? Estou me referindo às mulheres frutas brasileiras, a mulher melancia, a bananinha, dessas mulheres frutas que só brotam de um país fértil como o Brasil e que só duram uma estação, aproveitem!
Deus ou papai do céu para os íntimos e que reconhecem a sua paternidade, é uma espécie de Narciso-Exibicionista. Ele só nos criou para que possamos adorá-lo, rezar e orar pra ele, elogiá-lo, agradecer-lhe, e chamá-lo de pai sem exigir DNA. Tudo isso para que se dermos sorte e ele julgar-nos filhos bons, contemplar-nos com um carro ou a cura de um câncer isso sendo otimista. Se isso não ocorre, ta tudo bem, foi deus que quis assim. Foi deus que fez você o céu, o brilho das estrelas e o seresteiro blá blá... Deus é um pai bom e de relações recíprocas para com seus filhos. Foi deus quem criou o 11ª mandamento “é dando que se recebe”... Estabelecemos com nosso pai o que a biologia vai chamar de relação parasitaria, peço e dou e ele dá e recebe... Pedidos e orações.
Desculpe senhor, mas é que há muito tempo esse filho excomungado tem lhe batido na cara.... Comecei batendo, quando bati e nasceu pelos, quando fiz sexo antes do casamento e quando aplaudi Darwin. Não que eu de razão a Darwin, acho que a mãe dele veio do macaco, eu mesmo vim não, sou imberbe porra e não tenho pelos. Eu acredito ter vindo de uma margarida...
Voltando aos tapas em deus, na universidade por ex: todo dia lhe chutamos a face. A minoria intelectual do país esta condenada ao inferno (quero lá chegando encontrar Cristóvão Buarque ou Freire). Como me conheço, provavelmente iremos reformar o sistema de ensino do inferno “que foi idealizado por lúcifer há muito tempo atrás e se encontra defasado”. Vamos propor novas formas de se beber, novas formas de fritar a alma, ensinar novas posições a Maria Padilha (apelidada de pomba gira). E vamos claro, problematizar questões pra conscientizar os demônios, para que, por favor, nessa eleição que chega, eles não elejam ACM em primeiro turno contra Lúcifer. O inferno não pode virar a Bahia. Oxalá minha mãe.
Alguns leitores reclamaram dos longos textos, então é na tentativa de reduzi-lo que serei breve. Como falei de eleição no inferno e eleição remete democracia, e a crônica é sobre Deus, vou então misturar tudo e dar um ponto final.
Essa nossa possibilidade e liberdade de escolha, essa “democracia” ela transecende ao estritamente eleitoral ela se expande e serve também ao divino, a sua escolha. Escolher Deus hoje é algo bem mais democrático do que a séculos atrás, atualmente a inquisição não queima ninguém, só o inferno queima. Deus o nosso grande candidato, se apresenta atualmente em diferentes formas, temos o Deus light, diet que não engorda, temos o Deus forte que persegue o mal, o Deus em carne e osso, e ate um Deus cientifico etc.
Em tempos de eleições que definiraão minha vida, eu optei por um Deus mais completo, que é o Deus que protege 24hs e que se apresenta em tamanho básico. Deus metamorfoseou-se e se metamorfoseia ao gosto do freguês (compra-se baratinho ou não um deus legal) o meu Deus protege-me tão bem, que eu o chamo carinhosamente de DEUS-ODORANTE, proteção 24hs.
Depois de escrever essa desgraça (que não sei se é crônica) só me resta esperar o castigo, isso se eu não me arrepender antes e conseguir me livrar de mais essa é claro. Com meu Deus é assim, peca-perdoa, peca-perdoa, peca perdoa...
Pois bem meus amigos, o sujeito hipermoderno funciona assim, e em tempos onde se matou a doutrina, educação e politização, só me resta estar sendo esse moderno barroco, que em meio a toda essa confusão se mantem entre o sagrado e o profano... Sabendo que o eu de agora não será o de amanha, porque ser moderno exige um estar em transformação, que é aquilo que os cibernerticistas de 2ª ordem já tinham compreendido “ser moderno é estar com o sistema em morfogênese” porque desde a antiguidade sabemos que tudo Pantahei, inclusive a uva que também passas.

domingo, 7 de setembro de 2008

A reflexão épica: um homem comum e de espécies diferentes


Quero alertar aqueles que estão sem muito tempo pra perder com bobagens, que não leiam esta crônica. Não quero que leiam para que não passem raiva em tempos de stress. É uma escrita banal e sem lógica, e acredito que pouco tenha a acrescentar, aos que tem ou não tempo! Repito não me responsabilizo não percais seu tempo.

Queria muito antes de relatar o ocorrido do mundo externo, fazer um desabafo do meu mundo interno, que há muito tempo, já não caminha bem. O meu grande problema é que tenho dormido em media 3:30 por dia, e isso tem me deixado cada dia mais abstrato, tenho me sentido muito mal, e acredito que agora preciso de ajuda... Sugiram! O que se pode fazer em dias assim? Ajudem-me, por favor. Vamos lá... Vou dizer-lhe sobre o que se passou as 7:00 da manhã de hoje.
Comecei o dia com um mau humor do capeta, a face desconfigurada, muito sono e um pensamento fixo e retroativo “morrer o período de um mês e depois ressuscitar (assim como o Messias) quero um bom tempo morto, porque quero descansar, e o grande milagre senhor seria tu meu painho deixar-me dormir em paz”.
É incrível como me sinto mal depois de uma noite desgraçadamente dormida. Mas vou ao que interessa. Peguei um buzão e desci lá na rodoviária, sai do carro cambaleante, a boca seca, um boné meio verde e todo torto na cabeça e com o cabelo rebelde saindo para os lados e que heroicamente resiste à gravidade (ele não desce ô cabelo retado).
Vou eu cambaleando e eis que a minha frente uma enorme fila (adoro filas, sempre acho que tem algo de bom a ser dado), mas essa fila que não era da puta, mas devia conter algumas, levavam ao matadouro. Era uma fila no transbordo, gentes, diferentes, organizadas e todos ansiosamente aguardando uma ficha, pra se derem sorte, se tornarem gente ainda hoje. Vão então virar gente de verdade, um numerozinho na identidade ou carteira de trabalho.
Contemplei aquela DESGRAÇA que me lembrava Zé Ramalho “Ê ô ô vida de gado, povo marcado ê povo feliz” e logo pensei opa, ganhei à crônica do dia... Ledo engano!
Só não virou motivo de uma crônica completa porque tava com muito sono e me recusei a refletir sobre aquilo e segui caminhando rumo à passarela pra chegar do outro lado da rua e seguir para a Facs.
Vou andando e eis que na subida da passarela uma figura, um vulto chama-me a atenção. Ai meu irmão, conscientemente retardei o passo, e me coloquei a observá-lo.
Era um trem mau trapilho, bermuda jeans e lascada, camisa ex branca agora preta, um cabelo marrom de poeira, a barriga do Faustão e do tamanho de um daqueles 7 anões do conto de fadas (pra não ofender nenhuma celebridade com essa crônica, pois têm me rendido alguns inimigos).
A coisa descia com o seu corpo Alá corcunda Notre Dame, todo curvado sobre a barriga e a passos muito, mais muito lentos mesmo... Eu não sei se ele arrastava-se ou andava (pra ter idéia da lentidão, o Barrichello ganharia fácil e com absurda vantagem devido às condições).
Pra que eu pudesse entender o que era aquilo, recorri logo a um estigma, desses que maioria das pessoas sem preconceito recorre. Então disse a mim “lá vem o louco” e eu o sábio me pus a pensar sobre o bicho.
Naquele instante eu insensível que sou não percebi o grande momento épico dessa historia na passarela que não era da moda. Foi o encontro antropológico se encontravam ali o homo Sapiens e o homem Demens... Eu tão próximo do Demens e ele nem ai pra mim, o seu olhar era fixo rumo ao nada no horizonte, como aqueles olhares de filmes de zumbis americanos.
Aquele Homem-Demens, sem nada falar, sem gestos ou olhar significante atravessou o meu psíquico, dominou o meu ser racional e me fez um homo-reflexus diante da cena.
O louco o demens ali na passarela, passarela que faz jus a sua definição mor, que é aquela onde se passa e se contempla, e eu o contemplei, assiti o seu desfile, seu espetáculo, sem roteiro, distante da moda. Continuou a caminhar em seu espaço rumo ao sem destino, levando com ele seus odores e a sua racionalidade por mim incompreendida.
O Homem-Demens se demenschava diante os meus olhos e fixava-se com seu poder invisível em meu ser psíquico como uma coisa impactante. Era uma ausência na presença, era o ser e o não ser, era o caminhar comigo e o caminhar sem mim.
Eu então do pedestal da minha sapiência fui produzir saber, sobre aquele que só dele sabe e que nós não sabemos por que em nosso saber ele nada sabe... E foi-se ele sabe lá onde. Eu não sei onde, mas esta em algum lugar além de mim.
Provavelmente aquele zumbi, aquele fantasma ainda esta a transitar na passarela, na passarela da invisibilidade, num eternamente transitar sem ser percebido. Estas a vagar com o seu corpo e a sua alma que é uma plenitude do no não existir. E o corpo real segue fantasmaseado pelas ruas, e leva como bagagem a sua morte por nós projetada, embora andante é um sempre ausente, é ausente porque morreu socialmente, excluído, excluído por uma racionalidade também demente e que contempla os tais espectros exorcisando-os dos seus olhos.
Para alguns leitores eles só passaram a existir agora, enquanto lemos sobre eles, suas almas e seus corpos vagam... Ao perceber tal situação fiz um pedido ao universal e todo poderoso “papai do céu”, pedi que arrebatasse essas almas, que higienize as nossas cidades e que ponha os louquinhos no reino celeste pra divertir kerumbins que lá residem. Digo isso, pois foi-se o tempo em que eles eram a graça, nas cidades e no circo, agora já na tem mais graça por que são comuns e evoluíram... São mais que a graça, se tornaram uma verdadeira desgraça... Desgraça da vida e na vida, e também se tornarão vitimas de uma desgraça maior, é a desgraça da falta dos que lhe vejam.
Eles são tantos que hoje emergem pelos cantos das cidades, se tornaram a desgraça do capital nas capitais e dos cape, s tais que não funcionam... Chorar já não acalma e assistir já não resolve o problema.



terça-feira, 26 de agosto de 2008

A olhechina 2008 e outras reflexões


Estou no sofá de casa, sentadinho, todo torto, seguro uma caneta de cor azul patrocinada pela Phillips e ouço o pagode do vizinho (pancadinha, ela gosta de tomar???? Uma pancadinha...), é nessa atmosfera que me ponho a refletir sobre as olimpíadas.
As olimpíadas, essa coisa, essa coisa que reúne diferentes esportes, nacionalidades e faces, quer dizer exceto as faces chinesas, japonesas e tal... Reúne as diferenças, as igualdades, a complexidade, as vontades, as mentiras e suas merdades, reúne-se tudo isso em um único solo, e o solo atual é o solo chinês é o solo do Maotador Tse Tung e suas revoluções.
Realizar a olimpíada requer toda uma alteração ou camuflagem estética da nação, e a China fez a sua parte, a China realizou uma verdadeira fa-china em sua estrutura de funcionamento e de realidade, na tentativa de tornar esses jogos os jogos “perfeitos”.
Para que se realizassem tais jogos, a china conservou um pouco da idade media e acabou por copiar os europeus, na sua fa-china urbana, ela retirou das cidades que recebem os jogos todos os indigentes, mendigos, sem teto e por isso tudo ela merece a medalha de ouro da sociolimpiadas.
Eu aqui de casa informo-me e deformo-me através de noticias fresquinhas que a globo vomita em minha sala. 20:15 aqui estou eu. Todo pronto e perfumado pos banho, dou o meu boa noite ao apresentador (a) e vidro os olhos no noticiário.
Hoje por exemplo assisto a uma situação desesperadora pra uma Brasileira que teve a vara com qual salta perdida e ficou prejudicada na competição. A moça chorava, gritava pela vara, e os desorganizadores chineses não davam uma satisfação de onde estaria a vara (um mal oriental, segundo as mulheres e ditado popular) o tempo vai passando e o mistério continua, onde os chineses enfiaram a vara que era da Fabiana?
Eu to aqui me perguntando o porquê ela não salta com outra vara? E ai sim, resolve-se o problema. Pois não é tão fácil como penso, é complexo resolver tal questão, envolve-se ai uma complexidade que sugere uma fidelidade varal, por tanto entendo que nem toda vara é igual, e cada uma tem indicação e contra indicação, já cantavam os mamonas (comer tatu é bom que pena que da dor nas costas).
É uma verdade que nesse esporte não é toda vara que faz efeito, depende-se muito da altura da barra, e que as varas elas se fazem necessarias dependendo da situação na prova variando anatomicamente, podem ser varinhas, varões, uma mais grossa uma mais fina...
Não vou prolongar essa historia, o fato é que a Brasileira fiel a sua vara foi eliminada, o ouro acabou com a Russa, que chorou de alegria e garantiu o salto com vara perfeito, com a vara certa e com medalha garantida... É ouro como diria o Galvão Bueno.
Na verdade são muitos os momentos marcantes nessas olimpíadas, tivemos o Felps, um super peixe americanos que ganhou 8 ouros, ficou mais rico que o Haiti e saiu prometendo mais para as olimpíadas que vem. Sinceramente foi meio sem graça acompanhar as vitórias dele, foi uma dessas vitórias bem americanas onde os oponentes não têm muita chance (a não ser que surga um peixe vietnamita), pois é, foram vitórias comuns e normais, como no cinema hollyoodano.
A disputa boa de acompanhar tem sido essa de observar a quebra da hegemonia norte americana no total de medalhas douradas, a china e os chineses abriram os olhos (milagreee) e deixaram os Eua para trás, isso provavelmente vai acabar em guerra, e do jeito que a China tem ganhado tudo, liderado tudo, falsificado tudo (ate a nação) daqui a pouco vão acabar com os americanos e produzir quem sabe um rival falso, desses que facilmente poderemos comprar ou no Paraguai ou no camelo da esquina, ai meu camarada é só botar uma pilha e contemplar o funcionamento mecânico da nação.
Bem meu povo, chinalmente falando é tudo lindo, fora o episodio da vara, dos fogos gravados e de uma menininha que não cantou PN... Detalhes só detalhes!
Foi à olimpíada do paradoxo, de um lado Felps com 8 ouros e pouca repercussão, e do outro o nosso César Cielo (site de busca) busca medalhas (piada). O Cesão com 1 ouro e um bronze virou herói nacional, e heroi dantesco de parar São Paulo, cidade de gente inteligente e que ate hoje se orgulha de ter levado o Alckmin ao 2ª turno das eleições para presidente... Parabéns Cielo foi realmente um feito histórico digno de artigo ou qualquer cronicazinha irresponsável por ai.
A pseudo verdade deve ser dita, esse fenômeno aquático é realmente um vencedor, tu es-um fenômeno César. Vencer por uma nação que negligencia o incentivo ao esporte é sim extraordinário. Uma nação que não tem um trabalho de base de produção e potencialização dos atletas, que pouco fornece estrutura de treinamento e onde dificilmente se consegue patrocínio, faz de você um esportista franciscano, mas aos trancos, nados, braçadas e barrancos chegou-se enfim ao pódio. E por tudo isso o Darwin tinha razão.
Por enquanto é só. As olimpíadas continuam e podemos continuar a assistir o Brasil em ação, um Brasil de paradoxos, de muito ouro e de muitos poucos ouros até aqui. Precisamos garimpar e extrair das profundezas das nossas terras homens e mulheres de ouro, precisamos garimpar diferente da forma como os portugueses garimparam a 507 anos atrás. Garimpar o ouro de hoje é garantir o ouro de amanha, atletas de ouro em um país dourado. E o Brasil tem em sua gente um terreno a garimpar. Avante avante... Passam-se os anos ficam as expectativas!

sábado, 9 de agosto de 2008

Questionamentos de uma vendedora de cachorro quente.

Comer é uma maravilha.. As veses me pergunto se como pra viver ou se vivo pra comer. Porexemplo cachorro quente acho tão gostoso e é bastante saudável do ponto de vista do que tem fome e que compreende que a fome que mata é a de barriga vazia (meu Painho 1967... 2008).
Claro que se perguntarmos a uma nutricionista e ela entrar em uma reflexão critica sobre esse alimento tão popular quanto o cachorro, acabaremos optando por comer coentro, alface ou qualquer outra comida light, diet tão saudáveis quanto.
Aqui em salvador, em suas ruas, facilmente encontramos pessoas que sobrevivem vendendo cachorro quente. Vendem em carrinhos vermelhos onde geralmente existe uma placa com um letreiro em preto ou vermelho que diz: “CACHORRO QUENTE + REFRI 1,00” acho super barato...
Eu por exemplo como varios durante a semana, não que odeie folha e nem que eu goste de entupir artéria, é por um gostar qualquer, tomo mundo gosta de algo, inclusive de acarajé com maionese... O meu gostar não chega a ser um “AMO MUITO TUDO ISSO” é menos global é um gostar bom, e é bom por que é barato, e em tempos de crise eita que maravilha... Eu to numa fase daquelas em que se o dinheiro falasse meus bolsos, carteiras andariam mudos.
Sempre saio da “Universidade” pra comer um Hot Dog, que traduzindo é cachorro quente ou pão com salsicha pra quem não conhece, sempre que saio deixo de lado o senso critico, peço um sem medo de ser feliz e mando-lhe bocadas, repito a operação como recomenda-se nos rótulos de xampus e acabo por comer 2 ou 3. A analise critica deixo para a vigilância sanitária.
NO ultimo dia 7 de agosto saio da “Universidade” e vou então matar quem tava me matando, é a mesma que mata no Brasil e na África e não é AIDS: é Fome. A fome eu mato por que tenho as veses 1, 2, 3 reais, ai como o tal cachorro que nem sempre é quente mais tudo bem. Eu posso e quem não pode? Ou morre ou nem se sacode, por que na fome os movimentos são limitados, o corpo precisa poupar energia.
Era um dia bem quente, infernal, dantesco e ate normal em salvador que a cada dia esta mais quente. Deve ser o adoecimento global, ops aquecimento.
Saio e vou caminhado em direção a uma dessas barraquinhas mencionadas, ando devagar, movimento arrastado, desfilando, eram movimentos calculados pra evitar o suor é claro, e também por desfitudar na facs é claro, é caro, é carro, é calro que desfilar faz parte, carro também (não meu), o caro é obvio e o claro? É claro que o claro é claro, ou melhor os claros, e estes estão em toda parte em todas as salas. Escuro, preto por ali somente o chão onde se pisa, é evidente que o piso de tapete preto esta abaixo de nós, o piso é preto e pisamos, mas deixando a frescura reflexiva sobre a estética do piso. Na saída eis que encontro com a mulher do cachorro quente.
Ela bonita, simpática, uma criatura de aproximadamente 40 anos, dona de uma simplicidade tamanha, educadíssima e agora minha amiga, cativou-me virei freguês... Os olhos dela eram escuros, da cor da sua pele que é da cor dos pisos das salas de aula da facs, onde pisamos, desfilamos e produzimos muito, mais muito conhecimento mesmo...
Fora a anatomia do piso e do corpo, me lembro do dialogo, uma conversa tranqüila, uma conversa que vai e vem, o dialogo ia tranqüilo ate a amiga fazer-me uma simples pergunta, quer dizer, seria simples se não viesse de uma mulher, vendedora de cachoro quente na frente da “universidade” e adulta de 40 anos.
Minha amiga acabará de mecher em minhas feridas e inconsientemente mecheu nas feriads dela, da Bahia, do Brasil, do mundo e só não digo do universo por que não sei como andam nossos irmãos intergalácticos, essa nem Raul sabe, Ô Ô seu moço, do disco voador, ai saudade...
A mulher me perguntou, toda calma –“ o meu lindo isso ai é o que?” perguntava e apontava o indicador balançando o pescoço em direção ao prédio da “universidade”. Eu mastigava demoradamente e ganhava tempo, pensava comigo e agora o que dizer? E ela achando que estava pouco lançou outro golpe – “é tipo uma escola?” é que vejo o pessoal com caderno.
Eu grandiosamente sem graça, pré nocauteado tive que ser monossilábico –“ é”, parecido muito parecido, ai complementei a minha pobre resposta dizendo-lhe estão ai pessoas que podem pagar e pagam para aprender um profissão (Há exceção), e conclui, “eu por exemplo minha tia estudo psicologia”, senti que a havia xingado, não temos culpa, então ela completa – “que bom, português, matemática essas coisas?” E eu pensando que bom nada minha tia, que péssimo, seria bom se ela soubesse e estivesse dentro de uma daquelas salas de aula, talvez assim o piso fosse menos escuro.
Me senti desgraçadamente mentiroso, eu só contei parte da verdade. Menti pra mim também, na verdade eu nem sabia o que era aquilo, não sabia se era faculdade ou universidade, se era totalmente igual ou diferente da escola, se formavam profissionais ou pseudoprofisionais.
Eu me abati por não saber tudo, mais o que ela precisava entender disso tudo eu sabia, sabia e fui covarde lhe ocultando o porquê ela não sabe e o porquê ela ocupa seu corpo vendendo cachorro quente das 8:00 da manhã as 22:00 da noite, e o por que ela não esta em uma sala de aula como as que lá existem.
A implicação de uma pergunta simples quase me leva a chorar, e confesso que chorei, chorei no silencio, no meu silencio e no silencio das minhas palavras esquecidas e eternizadas, eternizado como o momento.
Talvez ter conversado com ela resolva a pequena parte dessa pergunta simples, que contem problemas gigantes. Por exemplo, se ela que esta perto da universidade não sabe o que é, imagine os que longe dela se encontram? Eu torço pra que ela guiando o seu carrinho a gás, chegue em casa e diga a seu filho o significado daquele prédio, a vida dele dependera dessas questões.
A universidade precisa ser mais democrática no seu acesso, ela já contem Kayk, trabalhadores informais, chicleteiros, baleiros ou baladeiros, iveteiros e etc. Ela agora só precisa deixar entrar vendedores de cachorro quente e os seus carrinhos carregados de duvidas, semeando questionamentos simples aqueles que acham que pensam.
Enquanto isso não acontece, os carrinhos continuaram parados, os vendedores estacionados e eu perambulando pela cidade fazendo minha parte. As lagrimas foram ocultas mais as palavras ganharam forma. E a vida ela não para, ela segue e o cachorro mantem sua forma e seuum sabor agradável e amargo.

domingo, 3 de agosto de 2008

Crinaça ex-perança

Pois é, hoje estou em casa pensando em fazer algo, e acabo de descobrir que sem dinheiro na cidade grande, tarde da noite, o melhor é ficar em casa, porque se sair à rua e tiver a sorte de ser assaltado e o azar de não ter nada no bolso... xiiii ba bau, quando o ladrão chega se você não tem nada, puro ele não sai... Leva pelo menos sua vida! Aff quanto pessimismo, mas de fato é só isso que penso.
Na falta do que fazer vai eu pro MSN, saio ao mundo sem sair de casa, que lindo... Pois é, sentado em uma cadeira branca, porta do quarto aberta e com a bunda já doendo (a cadeira não é confortável), começo a TC com colegas, amigos e inimigos... Tenho inimigos amigos incríveis, são super gente boa.
Tem aqui on line Ferananda, não é a artista global, aquela Montinegro de central do Brasil, mas é também artista dessas artistas do cotidiano, é menos famosa e pra mim mais interessante, ela é a Ferananda Firmo, e sempre que ela ta on line eu Firmo uma conversa com ela.
Enquanto converso com Nanda e sinto a bunda doendo e muito frio, me pego a escutar o pede dinheiro da globo. É uma forma indireta de se pedir esmola sem mostrar a cara do mizeravel... É um tal de criança esperança!
Como eu to numa fase em que tudo é motivo pra escrever, porque agora tenho um BLOG, ualllll, gente vocês não tem noção, é um Blog é de graça e não morde... Há como é bom existir virtualmente, me sinto mais gente e menos humano.
Queria um motivo achei, ai vai eu escrever agora sobre o programa, a primeira reflexão é de espanto, olha a globo produzindo inquietações viva viva, queria que Roberto Marinho pudesse me ouvir agora, ai que saudade, (mentira viu gente) queria não, muitos anos sem nós por lá ao lado de ACM e o outro anjo de luz.
O programa e as ações são legais, adoro ver milhões investidos em crianças e as crianças batendo atabaki, tambor, berimbau, essas coisas que fazem som, não assaltam ninguém, e que sustentam milhões pelo Brasil, na Bahia então! Eu prefiro violão, mas um berimbau também seria legal e para eu um Baiano seria mais fácil de tocar, é ou não é professor fulano da Ufba? É...
Antes de comentar sobre as atrações do programa só queria fazer uma analise da marca criança esperança, é uma coisa rápida antes que eu perca a esperança ou a vida sei lá!
Acho que o nome deveria se chamar: Vamos doar meu povo! É serio, eu acho isso porque criança esperança não tem coerência alguma.
Por ex: esperança, o que é? Alem de um inseto verde que traz sorte, é também aquela a sobrevivente, a ultima que morre... Mais morre. E no Brasil a criança não pode ser esperança, por que aqui as crianças morrem primeiro, primeiro que os pais, primeiro que a esperança, morre primeiro que o feto, absurdo como diria Datena. Talvez o nome do programa sendo otimista, possa ser “Adulto uma Esperança”, porque do jeito que vamos vai sobrar dinheiro pra previdência, e ai meu povo tome dinheiro na cueca, na mala.
Enquanto eu penso e a bunda dói, uma banda Baiana fazia o som no programa, banda sucesso, de tão boa nem parece banda de musica, e é a cara do programa: “Chiclete com Banana” o primeiro nome já agrada as crianças e se os macacos assistissem TV ela seria ainda mais sucesso. Pense ai a macacada e a criançada, Xuxa e Didi fazendo bola de big big, e ploc...
A banda como dizia nem parece banda de tão boa que é, parece baleiro de coletivo em salvador, eles dizem chiii- cleee- teee, ou então parecem crianças fofas, pidonas e chatas “chiclete, chiclete, quero chiclete chiclete, quero chiclete, chiclete pra grudar no seu juízo”... Aff uma delicia de tão criativo.
Como estou refletindo e escrevendo sobre o programa da criança, só me resta falar delas, insetos verdes, tcharam criança esperança.
No programa tiveram 3 que me chamaram atenção, como o programa é no Brasil, obs. importante, tinha uma lindinha, loira, fofa, bilu bilu, é a Xuxa, recém nascida aos 44 anos de idade, brinca uma picula que é de dar inveja a kayk com só 21, e ela faz um biquinho, que fofo, parece ate querer mamar, vai lá Szafir... Xuxa é filha mais nova de Pelé.
O outro era um molekinho bem esperto, tão novinho e já fala tudo, Didi, um bebê de 65 anos que quando crescer vai ser apresentador, ou então criança.
E tinha mais um, foi surpresa, ele ta de volta e me deixou bem preocupado é o Dede ou dada pra os íntimos que o pegaram no colo. Me preocupou e vou querer saber quem é a mãe dessa criança, quem é a mãe? A criancinha ta gorda, precisamos ajudá-lo, mãe irresponsável. É aquela historia presidente, obesidade no país da fome zero.
O sábado foi por isso tudo, perfeito, porem o triste foi ter constatado meus camaradas, que se foi-se a família e acabaram-se os avos. Se você tem de 45 anos acima faça a sua matricula: escola globo, serie: jardim de infância no país Brasil, o único que não envelhece... Acho que adulto por aqui só os políticos, adultos e pais do povo, e assim a vida segue, adultos riem e as verdadeiras crianças choram... Choram e ninguém vê. Por hoje só isso, a TV é a globo e o povo é quadrado.


sábado, 2 de agosto de 2008

O individuo hipermoderno a sala de aula e as futuras crianças.

Na sala 113 uma agitação toma conta daquelas que se dizem os modelos da perfeição. A agitação é assustadora a possibilidade de que por um momento elas estejam fora do padrão perfeito, machuca, preocupa e ameaça. As meninas superpoderosas se olham, se contemplam se examinam.
De repente um grito aiiiiiiiiiiiiiiii... O absurdo acontece.. “Para Fidel a revolução é a coisa mais importante, para Xuxa os baixinhos, bush o petróleo, porem para as garotas superpoderosas o importante é a desgraça que as ameaçam, é a ameaça mortalllll”.
Ao longe observo, tremo de medo, constato sofrimento na face dessas garotas, sobrancelhas arqueadas, olhos tristes, lábios que se mordem, todas elas acuadas no canto da sala, sentadas “tortas de charme”, em cadeiras pretas da cor dos (falos) que a desejam.
Outro grito aiiiiiiiii... O desespero que ameaça a perpetuação da espécie esta ali cravado em suas peles, causando um contraste que se assemelha e se confunde ao tom de sua epiderme, o grito de medo que observei discretamente era um câncer pelas moças considerado, era naquele instante o tudo no universo. Arthur já não existiam aos seus olhos, o que elas só observavam e o que as ameaçavam era uma mancha de tinta branca cravada em seus cotovelos, que logo foi recalcado por um creme milagroso produzido pela “NATURA”, que elas se passam e que a devolvem a sua pele a naturalidade e a beleza midiatica.
E eu observo, me contorço e choro, pensando comigo “quês mães serão essas? Que tipo de gente serão seus filhos?”. Espero que não sejam crianças de louça, construídas na argamassa da industria e espero que tenham vida e que não sejam mortas psíquicas como as mães que se modelam...

A desgraça do idioma

9:07 da manhã, o CCAA mostra na sala de aula o resultado da lapidação de talentos natos!
As poliglotas se organizam e blasfemam contra nossos ouvidos, clamam e cospem os blá blá blas, de um mugido estranho!
Me questiono se é Britney ? me pergunto se na turma torre de babel, somente eu não compreendo o coral da riqueza literária!
Bundas! As bundas... elas demonstram todo o seu suyng corporal, fazendo uma glamurosa exposição da figura, transbordando de uma masturbação intelectual, que dá prazer aos que ouvem, menos a uns poucos eu e etc. EXCLUIDOS!
Sala da felicidade, idioma universal, perfeito. E elas pensam “ carreg-nos ouvintes delirantes” a nossa grande obra, em seus ouvidos penicos. Isso o nosso ouvido é penico! Então: viva a merda, viva vocês, viva o inglês burguês e a exposição da figura! Mizeria...

O show de truman o show nosso de cada dia.

O Show de Truman é uma dessas produções cinematográficas com um que de futurista, mas pela primeira vez percebemos se tratar de um futurismo contemporâneo e isso é algo paradoxal, e é bem contemporâneo no que concerne essa relação observador/observado.
Truman por exemplo vive sendo observado em seu campo, uma observação comercial, onde a problemática e a complexidade do sujeito emergem como figura, e o contexto figurantes, e produtos propagandeados ali surgem como fundo.
O olhar que se lança sobre o Truman perpassa todo alicerce das relações humanas, e é na tentativa de compreender as partes que fazem parte dessa relação que o olhar interdisciplinar se faz necessário.
Fala-se, por exemplo, da psicologia: vamos do campo onde esse sujeito esta inserido, a uma relação de estímulos muito utilizada pela psicologia da gestalt, onde em tal contexto o marketing se aproveita de tal conhecimento como uma estratégia.
Karl Marx já dissera que “a sociedade não só produz um produto para o sujeito, mas também produz um sujeito para o produto”.
Em Truman percebemos o quanto e como diferentes formas de estímulos são utilizados para produzir aquele sujeito. Produziram-se medos, prazeres, desejos, necessidades.
Tal relação é multidimensional, pois vai de Truman aos telespectadores, estabelecem-se um campo de comunicação entre a situação, o observador e o observado. E o momento final do filme é o momento épico dessa ilustração, projeção de observador no observado, lagrima, desespero, interação psíquica...
O filme põe em comunicação psicologia, sociologia, e economia. A vida do Truman se analisada sobre uma ótica critica é sem duvida alguma a nossa vida cotidiana.
Somos observados 24hs/dia, na padaria, ônibus, universidade, shopping, casa, bancos e etc. Somos vigiados e punidos condicionalmente, produzem-se neuroses em nós de acordo ao discurso produzido. Assim como Truman, temos nossos medos por outrem criados, não saímos à rua, fechamos o vidro sempre no semáforo, comemos as coisas que tenham um aspecto visualmente saudável, estigmatizamos o negro, “assaltante em potencial”... Temos envolvidas nisso, mídia, sujeito, economia.
Só que nessa realidade aqui, fazemos os diferentes papeis, somos observador/observado, e o Maximo de toda essa conjuntura, é quando, por exemplo, paramos a nação para assistir, os shows, s dos Truman, s global com os seus BBB, s 1, 2, 3,8... Infinito, e lá também se faz propaganda, de alfinete a carro.
No show do Truman ou no show nosso de cada dia, a percepção, a necessidade de se compreender o como o homem percebe o mundo é algo central... A mídia o marketing dependem disso. Compreende-se o homem como um todo, mas ai o conhecimento tem uma aplicação que é nociva ao ser, à lógica do lucro pelo lucro impera, e é na relação aqui - agora que nós ou Truman nos manifestamos sob estímulos que emanam das ondas do radio e televisão, e que perpassam o nosso campo modificando-nos de acordo aos interesses.
O show de Truman é o nosso show, constroem-se o Truman, constroem-se nós, assistimos ao Truman, assiste-se a nós... Somos enfim observador/observado rimos do show do Truman, rir-se do show da gente. Embaixo desse teto que nos cerca, não existe nada novo, sem novidades, de Truman a nós, só existe a nossa verdadeira e comum identidade a do “ser palhaço”.

UM DIA DE GENTE

Um dia de gente

Era um dia diferente, começou diferente desde o inicio. Alias eu nem sei se realmente começou, porque foi uma daquelas noites em que a atividade lhe consome e você tendo que cumprir prazos acaba por ver a noite metamorfosear-se em uma manhã cinza e rosa, como esta do dia 24/05/2008, manha de um dia diferente, diferente porque foi um dia de 48hs.
Passei a madrugada inteira vendo CD, s de Raul sobre a cama, sentia um friozinho ate confortável, tinha a face inchada, pupila dilatada, e uma xícara marrom sobre a mesa do computador, noite boa, passei por ela me drogando, consumi uma garrafa de café preto... Café pilão até gostoso. Volta e meia me levantava em um ritual estranho de olhar-me frente ao espelho, percebo-me um narciso frustrado, como sou feio, de madrugada é claro. Ate sugeri a mim mesmo que só me olhasse no espelho durante o dia, acho que pra sentir-me bem comigo...
Sim, eu nesse dia tinha que chegar as 07h00min da manhã na “universidade”, fazer um trabalho de Freuderico lima! Tomei banho com um minúsculo pedaço de sabonete, preguiça de pegar outro, o pedaço cheirava a mel e a cachorro molhado, opinião que comungo com minha irmã.
Então me preparo e desço os degraus 2 em 2, saio do meu recanto e vou ao ponto pegar o buzão. As veses me acho místico, sinto coisas, prescinto outras, quase um Kayk Chavier. Nesse dia incrivelmente não ventava imaginei que estivesse insensível por não dormir, e de repente eis que penso na minha morte e fico assim a refletir, tava deslocado e sem orientação, coisa ate comum ultimamente.
Eis que a porra do buzú surge da curva, curvinha curta, cercada de casinhas, surge e me arrebata para a realidade. “É um buzú branco, nome vermelho dos lados e a bandeira dizendo T. FRANÇA”, claro que não é a França do Zidane. Então estendo o dedo num movimento de macho, polegar estendido e gestos bruscos e rápidos, ai o motorista me olha, para o carro, - bom dia motor! O homem balança a cabeça, é ate simpático, moreno, baixinho, óculos escuros em plena as 05h45min da manha! Pra que? É o Roberto Jefferson da Bahia.
O ônibus era um microônibus, tava muito cheio, mas consegui me sentar, povo fisionomia fechada, calados, tal silencio é comum é histórico! De repente uma senhora berra, “foi esse aqui que assaltaram ontem, ainda bem que eu não tava, disse ela”. Eu pensei, que merda, eu ali com medo e essa maluca falando de assalto! E agora? E se me roubarem? Vixe vão levar 2 vales e 5,00 RS, estou perdido pensava!
Enquanto isso silêncio e estrada percorrida... Então de forma rápida o ônibus freia, anda a 10 km/h. Quebrou? Eu pensei. Burburios no ônibus, o silencio da vida cotidiana, dessa relação entre gentes, foi então bruscamente perturbada, não era nem o jogo do Bahia e nem do Vitória, era algo “novo”... Eram dois corpos de adolescentes espalhados ali na pista reta, capotaram um Uno prata, que agora só restava a metade. Eram dois corpos sem vida cercados por sangue, ambos trajavam Jeans, camisa branca outra azul, corpos descobertos e policia ainda a chegar.
Perplexidade, o mundo desaparece é fundo, adolescentes figuras, tristes figuras. No ônibus faces assombradas, olhos tristes, sobrancelhas elevadas, todos em pé contemplando pela janela, em movimentos iguais... Eram homens e mulheres camaleão, diferentes cores porem a mesma expressão. Era uma mimese, olhos que se viam e agora se enxergavam diante de vidas que se foram... Eu todo arrepiado, chocado só conseguia observar a cena, pego a caneta e me ponho a escrever fragmentos da crônica.
Pensava nesse sentimento ruim e estranho, perguntava-me que sentimento é esse “novo” que anula toda a indiferença do cotidiano e faz comunicar-se o ser e o outro? Será que é uma solidariedade e uma identificação intra-especie? Ou se trata de uma urubuzagem humana, um sentimento necrofilo?
20 minutos depois o silencio imperava novamente, a atmosfera era triste, verdade, mas era um novo silencio não o da vida, e sim o da morte. Morte e vida opostas e iguais, iguais no silencio que separam os homens, assim como a morte separa o homem da vida. Então pensei será que a vida não seria uma vivencia de morte?
Aff... Chego enfim ao meu destino, rodoviária, desço desnorteado e caminho atordoado e sem rumo, apenas andava com um único pensamento “pensar em nada”! Mas naquela região o fluxo de vida é intenso, e vibrações do som dos camelos chegavam aos meus ouvidos, então me pego refletindo sobre a letra da musica que tocava, não era Raul é claro, era um tal de “chupa, chupa, chupa que é de uva, chupa mamãe, chupa que é de uva”.
Assim eu criticava a musica, cunhava a uma apologia incestuosa, horrível, mas logo achei uma explicação. Tal musica Freud explica porem aquele sentimento, esse dos humanos frente à morte, esse não tem explicação, não tem porque nem Freud explica. Pois é Sr. Freud, a sexualidade ta na vida porque na morte só espanto, sem libido, sem fixação, só ausência... De vida e Humanos.