quinta-feira, 16 de julho de 2009

Os mundos na cidade ou muros na verdade?

Arde-me os olhos, levanto calmamente da cama e dirijo-me ao espelho para verificar o que há no olho que tanto me incomoda; acendo a luz do banheiro e seguro as pálpebras com as pontas dos dedos, eu olho o olho, olho o meu olhar... Não há nada de errado!

Tenho pressa em novamente deitar-me, sinto um frio intenso nos pés, há muito tempo que o inverno não me surpreendida com tão baixa temperatura, rolo na cama, penso que posso morrer a qualquer momento, o vazio da noite inspira a poesia e facilmente convida-nos a pensar na morte... Imagino que posso morrer assim “de súbito” coração parar, romper-me um vaso no cérebro, lembro que as celebridades também morrem e é esse o meu consolo, odeio a idéia de reconhecer que os monumentos, torre eyfel, cristo redentor, jardins suspensos da babilônia vão durar mais do que eu, desejo-lhes ver as ruínas, talvez idéias assim mobilizem homens bombas.

A falta de sono me faz contemplar minhas janelas quadradas que se posicionam em frente à cama, a altura delas me possibilita observar o balanço da arvore, os galhos se movem loucamente, a noite assusta. Tomo coragem levanto-me da cama; encanto-me por verificar nevoa pela cidade, pessoas a chamam de neblina. A cidade dorme nesse clima sombrio, me pergunto quem naquela cidade poderia estar acordado, assim como eu, em determinado horário a devagar em pensamentos? Imagino que os menos solitários dão um jeito de carinhosamente chamar o seu amado pelo apelido mais carinhoso e ridículo, (sempre no diminutivo) pretinha, branquinha, inha, fofinha,, docinho, fingindo e disfarçando o real sentimento tedioso da vida de casado, para simplesmente dar uma trepada e afastar o frio intenso, que convenhamos, é muito mais insuportável a quem não encontra uma costela. Quem na cidade suportaria sensações geladas e dolorosas piores que a indiferença cotidiana?

Odeio o ambiente de casa, odeio o frio, odeio ficar em casa no frio, resolvo que melhor seria ficar só com o frio, resolvo sair de casa. Corro ao armário e puxo uma mala preta onde guardo as roupas interessantes do bisavó falecido a pouco tempo, roupas que seriam doadas, preferi que fossem doadas a mim, lavei-as durante 15 dias consecutivos a fim de tirar-lhe o cheiro horrível que tinha o bom velhinho, uma mistura de cravo e namuscada insuportável, ele passava dias com os casacos, e dizia-nos que lavar casacos fazem com que estes percam gradativamente sua capacidade de aquecer-nos. Mentira dele era um imundo!

Os casacos me servem, sigo na avenida principal mirando os postes que iluminam a rua com suas cores amareladas, observo na solidão da cidade uma orgia de roedores, os ratos trepam pelos cantos e passeiam livremente. Os ratos defecam e urinam na cidade, nos excrementos se arrastam, sinto que aproveitam ao maximo aquilo que deles provem. Ratos e carros, os únicos que congelam são os carros, os pára-brisas mais parecem lousas mágicas, retorno a infância escrevo neles palavras carregadas de significado “avestruz, helicóptero, carruagem, engrenagem, espaguete, garçonete, toalete, e mamãe eu te amo, alem de elefante na caçamba vermelha o ultimo carro estacionado na fila da esquina”. Escrevi também Deus você é sacana, eu andava a pé, nada mais justo.

Nas ruas vazias de vida humana tenho um sobressalto ao escutar batidas nos flandres, eram pedaços de chapa de um material parecido aço, as pancadas dadas por um senhor pouco acima do peso, que tentava a vassouradas acertar um rato preto; ele dava verdadeiros berros ao tentar golpear o pequeno animal, pancadas violentas a ponto de torcer-lhe a coluna; pensei em registrar a cena com minha maquina, no entanto imaginei o incomodo que causaria a tal divertimento, e ponderei, poderia incomodar o nobre senhor, e usando a lógica, temi caso eu o incomodasse, o tipo de material que ele poderia tentar me agredir, levando em consideração que as medidas entre eu e o rato eram significantemente consideráveis.

O que o senhor fazia era a assepsia duma antiga banca de revistas que dava-lhe o pão e o teto de cada dia, observei-o ainda alguns segundos e o percebi parado, contemplando o seu momento, abria uma boca de tamanho descomunal e soprava fortemente, da sua boca saia a fumaça natural do choque entre temperaturas. Moveu-se ao interior do seu ambiente e deixou ecoar pela praça o chiado angustiante nheccc....... do ferrugem na fechadura, senti meu corpo arrepiar. Tanto tempo parado presenciando a cena, me fez sentir os músculos enrijecerem com o frio, corri pela rua e repousei encostado a porta da igreja, acreditei que ali residia a proteção, ninguém ousaria nada contra um santo fielmente encostado a porta da igreja.

Parado a porta da igreja verifico duas mulheres saindo de um apartamento, imagino o quanto corajosas sejam, é madrugada e essa moças indefesas saem tranquilamente pela cidade. A fim de ocupar-me o tempo e na tentativa mesmo que ínfima de virar herói, já que nunca se sabe, vai que as criaturas sejam atacadas, estaria eu pronto a defendê-las; coloco-me a segui-las discretamente, a madrugada gelada me desperta instintos protetores. Vago pela cidade com mãos no bolso cantando no meu intimo musicas internacionais, nunca as entendi , mais sinto que se as entendessem concerteza as compreenderia, musicas internacionais e mulheres são os grandes mistérios desse mundo.

As moças caminham de mãos dadas, estou a dois metros desses dois anjos, elas brincam alegremente de soltar fumaça, escuto-as dizerem uma pra outra “o meu trago foi maior, rsrsrs” riam, riam, riam, a rua era só delas. As mulheres se sentiam tão donas e únicas pela rua que caminhavam de quatro feito dois animaizinhos, serem mulheres e parecerem dois animaizinhos é pedir de mais, mulheres já bastam nessa noite. Contemplar esses seres caminhando de tal modo me provoca arrepios constantes, confesso que desejo encurra-las, imagino-me apertando-lhes as nádegas, assim como o leão faz com a leoa mordendo-lhe o pescoço e dominado-a pela traseira. Segui-las a distancia se tornou tarefa difícil, tanto pelo desejo de aproximar-me desses querubins, quanto pela dificuldade de locomoção causada por um pênis desprotegido de cueca; percebia minha calça esticar-se e intimamente orgulhara-me do volume. Já não me lembro o momento em que deixei de segui-las e passei a persegui-las, pararam a frente do teatro municipal, as gargalhadas de ambas mais pareciam os risos de pessoas que assistem um espetáculo e riem não do espetáculo mais sim do fato de não entenderem o que ali se passa; elas só se entendiam, só não sabiam porque riam e riam e riam...

Percebo nessa madrugada o limiar entre humano e animal, analiso-me e constato que os desejos instintivos do prazer convidam minha racionalidade a buscar uma maneira de realizá-los. Com uma mão seguro minha maquina fotográfica e cuidadosamente tiro fotos das contentes criaturas, fotos sem flash. Caminham em direção a igreja matriz, no alto da igreja as imagens dos anjos; desejo-as como santas e no meu delírio as imagino virgens.

Parado na esquina de cócoras a observar e fotografar meu objeto, sinto uma mão pesada com luvas pretas me tocar o ombro, giro-me lentamente com medo e surpreendo-me com a figura de um militar que olhando-o de baixo aparentava 1,90 metros de altura. – o que faz aqui a esta hora meu senhor? Pergunta-me. Sinto o meu órgão sexual desaparecer, antes de dar-lhe uma reposta sincera, fui surpreendido com uma ordem. – retorne a sua residência imediatamente, o governo Brasileiro ordena que todo cidadão permaneça dentro de casa até que as temperaturas subam no mínimo 6 graus, e nós militares, homens de bem a serviço da nação, somos os fiscais do bem estar nacional, e zelamos em nome do excelentíssimo senhor Presidente pelo bom funcionamentodeste país; saímos as ruas e fiscalizamos os irresponsáveis que na noite gelada se arriscam, se expondo a riscos desnecessários, ficando sob a eminência de a qualquer momento ser acometido por algum mal que possa se apresentar a pessoas sensíveis e não acostumadas a essa alternância de temperatura; e continuou,o senhor quer fazer com que o estado gaste uma fortuna com o seu tratamento? Que tenha despesas de saúde com um cidadão irresponsável, como o senhor? Por acaso não ama essa pátria? Não teme uma necrose? Hipotermia? Pneumonia? Sabe o que significa ordem e progresso cidadão? Não pensa em seus familiares? Por acaso já ouviu falar da homeostase, hein, conhece a historia da homeostase? Disse-lhe que não. Paciência cidadão, ame a pátria ou deixe-a! – vejo que duas mulheres a esta hora se divertem, siga a sua casa que tenho um dever a cumprir!

Obedeci a ordem, sempre a ordem, a ordem, assim como as mulheres que riem e riem, riem... Andava a passos largos retornando a casa, no entanto os impulsos intuitivos me fizeram olhar, olhei para trás e não tive medo de tornr-me uma estatua de sal, os militares não são deuses. O militar das mulheres não havia se aproximado. Me perguntava por que o militar delas mantinha distancia? Observava o observador, passei a perseguir o perseguidor. Agacho-me próximo a uma janela e escuto soluços de uma senhora, pensei em ajudá-la dar-lhe um susto, a possibilidade de matá-la do coração me conteve. Continuei agachado e tirando fotos. Nesse momento as mulheres coincidentemente perceberam não estar mais sozinhas pelas ruas, notaram o irresponsável militar que tropeçara numa lata de lixo.

As criaturas agora pareciam saber e pra onde caminhar, se movimentavam com mais velocidade, eu me mantinha na trecerguição. As mulheres a fim de ganhar velocidade tiraram os casacos, não sentiam frio provavelmente pelo fogo natural das mulheres associado à temperatura do sangue, se embrenharam em becos, a perseguição era cada vez mais clara, eu conseguia manter-me discreto. As mulheres correm numa rua sem saída e se deparam com uma grade no horizonte que dava acesso a um estádio abandonado, estranhamente elas param, parecem querer enfrentar o militar olho no olho. O militar saca a arma e as obrigam encostar nas grades, apalpa vagarosamente as mulheres, continuei a fotografar sem ser notado, percebo meu pênis alterar o tamanho... as mulheres começam a se abrir sem que existam ordens para tal, tiram toda roupa, dançam movimentos lentos com dedos na boca, olham fixamente para o militar e se chupam, e roçam e se apertam; tocam agora o corpo do militar, o corpo militar não responde aos toques femininos, ele não desejava a cumplicidade, o seu amor só é amor quando realizado sem permissão, a força. O militar tenta os tapas, puxa os cabelos com força das criaturas, elas não pedem pra parar, elas gemem, gritam vem, vem, vem... O militar não tem tesão, ela pedem vem, queremos, vem, vem, vem... risos, riem, riem riem, ele ordena, a ordem, ordem, ordem, o militar não se sente afetado pela permissividade das mulheres.

O militar esta parado, em pé sem ação, as mulheres dançam, tocam-no, lambem e chupam freneticamente seu pênis sem vida. As mulheres ficam em pé e dançam girando em torno do militar, sopram a fumaça da noite, andam em círculos e de quatro, sussurram palavras desconexas, as garotas parecem realizar um ritual ancestral do acasalamento, passam as mãos pelo chão, tocam o corpo do militar e introduzem dedos na vagina. Gemem, gemem, gemem intensamente e de forma violenta lançam ao mesmo tempo um tapa na face do militar que cai junto a grade, as mulheres o levantam e o algemam em uma velocidade incrível, elas se beijam e uivam, é tudo muito estranho, elas fazem sexo oral, penetram uma na outra com dedos em movimentos cada vez mais rápidos, gemem, gemem, gemem... Pegam o cacetete do militar, giram-no ao ar, lançam uma à outra e riem. Cospem, cospem cospem o cacetete dão gargalhads e seguram a nádega do militar muito devagar, abre-a com todo cuidado, massageiam o anus do militar em movimentos circulares, o militar se contorce, se debate na grade, pedem que parem, as mulheres já não escutam. Eu espantado no canto me surpreendia por reconhecer que o ritual me prendia a atenção, fico desesperado entre o tesão e a expectativa.

Na tentativa de uma ação corporativista que protegesse o macho, ligo o flash da maquina e disparo, as mulheres enfim me notam, ao perceberem que tudo era observado elas penetram o anus do militar com cacetete, ele grita, elas gemem, eu as fotografo e elas urram, dedos na vagina e puxões de cabelo, faziam movimentos com os dedos e me convidavam, me desesperava como tesão que me possuía, ponho meu pênis pra fora, me masturbo e as fotografo, a cada fleche elas convulsivamente aceleravam o movimento. O militar não resiste e desmaia o movimento de entrar e sair com o cacetete em seu anus não para, eu atônito já não conseguia fotografar segurava o pênis com as duas mãos e acelerava em movimentos frenéticos... As mulheres me observavam e uivavam, eu gozava desesperadamente apaixonado pelo momento.

Pós orgia, pós gozada me senti envergonhado, suspendo as calças, as mulheres se recompõem, o militar morto ficará nu com os paus entre as pernas. Volto a minha casa. Deito-me aliviado e sentindo-me culpado, e agora? Penso no que fazer com as fotos que são a prova de um crime. De um crime? Houve crime? Levo as fotos a policia para que seja tudo discutido e investigado. 13 minutos após analise das imagens sou preso em flagrante me acusam os policiais de cúmplice de um homicídio e omissão de socorro. Revolto-me, revolto-me eles não analisaram! Aceito a prisão, fui cúmplice no prazer, aceito a cadeia e comemoro a gozada, no fim me resta uma duvida “o que condenou-me foi o crime ou a pura gozada honesta?” O casamento nos livra do mal, amem!