sábado, 28 de março de 2009

O conto

As minhas lagrimas no chão sepultam a minha dor. A terra seca chupava a dor e a lagrima. Formou-se um lençol que levava a dor pelos sulcos do chão, e desse chão sofrido e molhado nasce a arvore da tristeza, os frutos nutriam a esperança de quem tinha fome.
Eu mordia meus lábios na tentativa de matar a dor crônica, morder, arrancar de mim, suicidar em mim o sentimento inflamado, as lagrimas rolavam, rolaram pois não tinham raízes, as lagrimas são com o mundo, de tão mundo e tão puro era vazio...
O homem sem raiz não tem mundo tem dor, a dor não é mundo nem muda, ela é universo que grita, os versos são um vomito dos gemidos da alma, saem loucamente por não cabelos em si... tudo é dor, o ver o não ver, falar e não falar... Há... Guerreira consciência, a conseqüência é um olhar que vê e é cego, cego como a faca da consciência, enferrujada que me corta o corpo bem devagar, o meu corpo flácido reclama, a faca não me rasga, crava-me com a morte no corte e sem dor... Sepulte o mundo em mim e me liberte da existência, me vende os olhos agora, me jogue terra ou deê-me um lenço, escute esse olho sofrido que poderá assassinar a humanidade com sua enchente.

A palavra

A palavra carente de sentido carrega em si o objetivo que procura.
A cura da dor contida, da dor sentida, da dor gritada no sentido da palavra.
A vida vivida corrida não é vida
Pensar a palavra é viver, enunciar o mundo é dar nome as coisas...
Que coisa? Que mundo, Que nome?
Palavras são como casas
O sentido são tijolos, arrume-os, alicerce-os, compre aos poucos.
Tenha um teto, se proteja do mundo palavreando a vida...

Palavras como telhados por onde descem as letras
As letras limpam o teto e molham nosso chão
Já foi importante desejar enchente na casa da gente?
Matar a sede sem afogar o homem.

Canibal

Eu comi o homem, indigestão e gosto azedo.
Eu mastiguei esse veneno lentamente.
Sabia o que fazia, comi o homem cru.
Comi a peste azeda e podre

Arrotei o homem que fedia
Ele virou merda e eu mirava-o
Mexi o homem merda e este fedia ainda mais

Tomei um laxante e botei-o todo pra fora
Nutrir-me do homem e sepultei a esperança
Sou um canibal moderno

Homens na prateleira, mercadoria vencida.
Eu mirei o homem e degustei sabendo o sabor.
Paguei pra ver, despertei para o mundo e resolvi ser bicho

Artista

Eu finjo fingir que finjo
Eu interpreto a interpretação do fingido
Atuo na vida porque ela em mim existe
Interpreto a vida porque ela se nega a me interpretar
Eu aceito os rótulos e interpreto-os incondicionalmente
Eu interpreto de perto
Porque o homem longe de si ,perde o controle do seu papel.

Caminho

Calado pensando lá vai...
Vai sorrindo ou chorando? Vai
Fechem as portas, cerquem-o!
Ele vai porque é teimoso

Ei psiu... ele vai ser gente detenham-no
Desmistifique-o, amance-o, ele é forte
Forçando e seguindo e indo ele vai...

Vai ali em um lugar sem nome...
Vai vagando e fazendo o caminho...
Vai filho, se ficar morrerá...
Morrerá, e se não fosse continuaria igual...

O vai é constante
Vai ler seu caminho
Descubra sozinho,
Na caminhada rebelde
Que o não temer a morte,
Deu-lhe o que faltava no homem
a vida. Siga...

Um olho amigo

O segredo de tocar o outro é ser sincero
O segredo em ser sincero é sinceridade
O segredo em tocar a sinceridade é humildade
O humilde toca e é tocado
O segredo da amizade é ser amigo
E a sinceridade do amigo é um movimento com os olhos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

???????

Entre o ser e o não ser
Entre você e o outro
Entre o molhar e o mastigar o biscoito
Entre os 80 ou os 18

Entre o morrer e o viver
Entre o viver comprando ou roubando
Entre o morrer gemendo ou sonhando
Entre o ir mordendo ou chupando

Entre o ser e o ter
Entre o dizer e o fazer
Entre o real e o teatral
Entre o homem e o animal

Entre o pássaro e o avião
Entre deus e o cão
Entre o ato e o tato
Entre o concreto e o abstrato

Entre a cinzas e o cemitério
Entre a duvida e o critério
Entre refletir ou sintetizar
Entre o calar ou falar

Entre o homem e a mulher para amar
Entre o dizer e o disfarçar
Entre o adultero e o sincero
Entre o mi o s e o terio

Eu sou eu
Confundo-te
Aflijo-te
Complico-te
Te te te duvido

Entre o ser e a duvida
O meu nome sincero
Mistério