“Dedico esta crônica ao saudoso Elnatã Misael, que assim como eu, tem cadê vez mais dedicado o nobre tempo à introspecção”. Digno ainda de dedicatória é o fato de o nobre colega, comungar com a minha pessoa o sentimento de espectador da vida. Um observar e assistir a vida, que tem cada vez mais nos mostrado o quanto é dificil testemunhar a morte da “ingenuidade humana”. Ingenuidade humana, que tem a sua existência muito bem representada pelo homem da zona rural, homem que chupa o bago da jaca e trepa com seus animais...
São por volta das 01h05min da madrugada, madrugada esta que antecede a prova de psicologia sistêmica. Estou literalmente rebolando sobre a cadeira (não sei o porquê) e a devanear sobre o grande e sempre onipotente “papai do céu”.
Primeiro quero dizer-lhes que estou morrendo de medo de falar de Deus. Cresci entre evangélicos e católicos, e sempre fui pelos mais velhos informados que o Deus tudo vê e tudo sabe sobre mim.
Partindo desse fato, o que vou contar só será novidade para os caros leitores, isso porque deus dessas letras já sabia, e eu agora a escrevê-las não terá para ele nenhuma novidade. De qualquer forma “todo poderoso” mil desculpas, estou a te xingar, mas confesso que o meu cú esta piscando... Lá vamos nós!
Nesse exato momento estou fazendo careta e ficando zarolho, é um ritual cabalístico do acasalamento e que antecede a escrita.
Estou a me perguntar se todos já tiveram pelo menos uma vez medo do universo. Do big bang ou bang bang urbano? Medo do infinito ou de morrer? Vou confessar-lhes que tais mistérios sempre me assombraram, tinha tanto medo que a barriga gelava e sofria taccardia, era quando eu então gritavaaaa me debatendo, e acabava por exorcizar o medo e o demônio que me faziam pensar sobre tais coisas (segundo mamãe era o cão), eu acredito que era a razão.
Passado alguns anos e o universo ter perdido seu assombro, culpa de Morin, me vejo pensando hoje sobre Jha, ALÁ (não a marca de sabão em pó), Deus e derivados.
Deus é o cara que da voz e sentido ao universo, explicou tudo, confortou-me, criou tudo lindo e maravilhoso e depois descansou. E quando descansou provavelmente deve ter sido massageado por uma dessas “deusas terrestres” que devem ter a sua matriz no céu, claro, ou você acha que deus é algum otário? Estou me referindo às mulheres frutas brasileiras, a mulher melancia, a bananinha, dessas mulheres frutas que só brotam de um país fértil como o Brasil e que só duram uma estação, aproveitem!
Deus ou papai do céu para os íntimos e que reconhecem a sua paternidade, é uma espécie de Narciso-Exibicionista. Ele só nos criou para que possamos adorá-lo, rezar e orar pra ele, elogiá-lo, agradecer-lhe, e chamá-lo de pai sem exigir DNA. Tudo isso para que se dermos sorte e ele julgar-nos filhos bons, contemplar-nos com um carro ou a cura de um câncer isso sendo otimista. Se isso não ocorre, ta tudo bem, foi deus que quis assim. Foi deus que fez você o céu, o brilho das estrelas e o seresteiro blá blá... Deus é um pai bom e de relações recíprocas para com seus filhos. Foi deus quem criou o 11ª mandamento “é dando que se recebe”... Estabelecemos com nosso pai o que a biologia vai chamar de relação parasitaria, peço e dou e ele dá e recebe... Pedidos e orações.
Desculpe senhor, mas é que há muito tempo esse filho excomungado tem lhe batido na cara.... Comecei batendo, quando bati e nasceu pelos, quando fiz sexo antes do casamento e quando aplaudi Darwin. Não que eu de razão a Darwin, acho que a mãe dele veio do macaco, eu mesmo vim não, sou imberbe porra e não tenho pelos. Eu acredito ter vindo de uma margarida...
Voltando aos tapas em deus, na universidade por ex: todo dia lhe chutamos a face. A minoria intelectual do país esta condenada ao inferno (quero lá chegando encontrar Cristóvão Buarque ou Freire). Como me conheço, provavelmente iremos reformar o sistema de ensino do inferno “que foi idealizado por lúcifer há muito tempo atrás e se encontra defasado”. Vamos propor novas formas de se beber, novas formas de fritar a alma, ensinar novas posições a Maria Padilha (apelidada de pomba gira). E vamos claro, problematizar questões pra conscientizar os demônios, para que, por favor, nessa eleição que chega, eles não elejam ACM em primeiro turno contra Lúcifer. O inferno não pode virar a Bahia. Oxalá minha mãe.
Alguns leitores reclamaram dos longos textos, então é na tentativa de reduzi-lo que serei breve. Como falei de eleição no inferno e eleição remete democracia, e a crônica é sobre Deus, vou então misturar tudo e dar um ponto final.
Essa nossa possibilidade e liberdade de escolha, essa “democracia” ela transecende ao estritamente eleitoral ela se expande e serve também ao divino, a sua escolha. Escolher Deus hoje é algo bem mais democrático do que a séculos atrás, atualmente a inquisição não queima ninguém, só o inferno queima. Deus o nosso grande candidato, se apresenta atualmente em diferentes formas, temos o Deus light, diet que não engorda, temos o Deus forte que persegue o mal, o Deus em carne e osso, e ate um Deus cientifico etc.
Em tempos de eleições que definiraão minha vida, eu optei por um Deus mais completo, que é o Deus que protege 24hs e que se apresenta em tamanho básico. Deus metamorfoseou-se e se metamorfoseia ao gosto do freguês (compra-se baratinho ou não um deus legal) o meu Deus protege-me tão bem, que eu o chamo carinhosamente de DEUS-ODORANTE, proteção 24hs.
Depois de escrever essa desgraça (que não sei se é crônica) só me resta esperar o castigo, isso se eu não me arrepender antes e conseguir me livrar de mais essa é claro. Com meu Deus é assim, peca-perdoa, peca-perdoa, peca perdoa...
Pois bem meus amigos, o sujeito hipermoderno funciona assim, e em tempos onde se matou a doutrina, educação e politização, só me resta estar sendo esse moderno barroco, que em meio a toda essa confusão se mantem entre o sagrado e o profano... Sabendo que o eu de agora não será o de amanha, porque ser moderno exige um estar em transformação, que é aquilo que os cibernerticistas de 2ª ordem já tinham compreendido “ser moderno é estar com o sistema em morfogênese” porque desde a antiguidade sabemos que tudo Pantahei, inclusive a uva que também passas.