quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Da vida corrida a corrida pela vida.

Sou um escritor? Talvez. Mas o que quer dizer escritor? Será aquele que escreve? O mérito de tal definição não me pertence, não há reconhecimento na marginalidade, de modo geral. No entanto, eis uma perspectiva engendrada nessas linhas, que refere-se ao escritor como aquele que sendo violentado por um golpe de realidade nos sentidos, produz o seu escrito do espanto, na surpresa. Desse modo, não reconheço a mecanicidade do escrever como sendo a maneira que defina um escritor. Esses podemos chamar de vendescritores que os seus vendescritos vendem.
Bem, é muito obvio que esta reflexão é pautada na inutilidade das coisas, sendo pensada no espaço de tempo inutilizado, distante da mecanicidade, para mim é um suspiro. Frente à inutilidade do tempo em vista do capital, eis que escrever em um blog se apresenta como sendo justificado, podendo retificar a minha ausência do virtual já que o real mecânico não deixa o espaço para existência.
Feita as idiotizáveis observações, acredito na sua desnecessariedade, assim, desejaria desabafar da violência que meus sentidos foram acometidos, chorando eles uma breve historia.
Numa cidade como Salvador as pessoas vivem... Vive-se de diferentes modos. Algumas vivem com medo, outros vi-vendo a vida dos outros, alguns nem vendo que estão vivendo, resumindo, modos de vida, viventes. Mas o que se vive? Suponhamos que seja a vida. Esse bem que é esquizofrenicamente precioso (são 2 realidades), valoriza-se umas, desvaloriza-se outras. E é sobre a vida que corre, que decorrem essas breves linhas.
A velocidade em que se corre pra salvar uma vida é a mesma velocidade com que essa se vai dos olhos. A vida se vai na mesma velocidade em que o pensamento alienante nos chega. A vida se vai na mesma velocidade em que a exclusão se dá. A vida se vai na mesma velocidade em que o organismo já cansado não a suporta. A velha máxima é uma verdade, (morrer basta estar vivo). Eis uma certeza, da morte biológica não escaparemos, no entanto contra a morte psicológica da alienação ou a morte que se dá pela exclusão (o não reconhecimento em vida) vale a pena a velocidade da escrita. Podemos velozmente escrever sobre, pois dessas ainda esperanceia-se salvação. Todo esforço pela vida é valido por mais claro que seja que é na velocidade que morremos.
Ainda respiro, com ajuda de aparelhos é verdade, essa humilde e viva caneta, agora aliviado. Desmecanizando-me para humanizar-me. Tic, TAC, tic TAC, tic TAC, 1:30 da madruga, já não me resta esse tempo, nem o teu que leu estas palavras. Morremos no tempo que desacortina a vida pelas palavras... O nosso tempo que levou suspiros de existência, enquanto lemos, em ordem decrescente, queimando o pavio da vida, leva um pedaço de existência de vida lhe apresentando o que dessa ainda resta sobre uma outra perspectiva, uma vida humana, na luta, na agonia, na consciência do fim da vida, no entanto da vida viva.

Um comentário:

Anônimo disse...

Viva!